Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

domingo, 7 de abril de 2013

Síndrome de Asperger


A Síndrome de Asperger é uma perturbação neurocomportamental de base genética. Pode ser definida como uma perturbação do desenvolvimento que se manifesta por alterações sobretudo na interação social, na comunicação e no comportamento. Embora seja uma perturbação com origem neurofisiológica, o diagnóstico é baseado num conjunto de critérios comportamentais.

Entre as principais características clínicas, é geralmente referida a ausência de empatia, não por incapacidade mas por dificuldade em expressar sentimentos; uma interação ingénua, inadequada e unilateral; existe uma capacidade reduzida (ou mesmo ausente) para estabelecer amizades ou é processada de forma particular (mais no sentido de quererem agradar); apresentam um discurso muito formal e repetitivo (muitas das vezes fora do contexto), assim como uma comunicação não-verbal pobre; o interesse consistente por determinado assunto; e fraca coordenação motora e posturas corporais estranhas ou desajeitadas. O padrão inclui frequentemente um atraso ligeiro no início da fala; quando começam a falar fazem monólogos e perguntas constantes aos pais; verificam-se erros de pragmática; a linguagem é superficialmente expressiva e perfeita; o vocabulário tende a ser fluente e avançado, a escolha de palavras invulgar e o discurso algo “pomposo” ou formal; apresentam alterações de prosódia e características vocais peculiares: o tom de voz revela-se particular e pronunciam as palavras de forma extremamente precisa, articulando cada um dos sons; existe a utilização idiossincrática do vocabulário (capacidade de fornecer uma perspetiva inovadora da linguagem); podem utilizar incorretamente os pronomes pessoais ou, por exemplo, usar o nome próprio em vez de eu ou tu; apresentam alterações na compreensão, incluindo interpretações literais e fazem verbalização de pensamentos (pensar em voz alta).

SUGESTÕES AOS PAIS:                

Para começar, manter e terminar uma brincadeira
- É importante ter consciência de que por vezes a criança tem que aprender a perguntar: “posso brincar?”; “queres brincar comigo?”; “podem ajudar-me?”; “agora brinco sozinho”, caso contrário poderão surgir comentários como: “ninguém brinca comigo”, o que só irá fomentar a falta ou perda de amigos.

Flexibilidade, cooperação e partilha
- Estas crianças gostam de ter controlo sobre as atividades. É importante ajudá-las a tolerar sugestões alternativas ou a inclusão de outras crianças, explicando-lhe que o que faz não está errado mas que se for partilhado ficará muito melhor.

Quando a criança deseja brincar sozinha
- É provável que seja necessário ensinar-lhe quais os comentários e as atitudes socialmente adequadas para o demonstrar. Muitas das vezes estas crianças percebem que ao agirem com alguma rispidez ou agressividade garantem o afastamento dos outros. Ao aprenderem outras formas de o fazer, não só deixarão de ser intituladas de agressivas, como passarão a ser respeitadas na sua vontade.

Explicar o que deveria ter sido feito
- As dificuldades dos comportamentos relacionais devem-se ao facto de estas crianças não perceberem os efeitos que tais comportamentos têm nos sentimentos dos outros. Para que não sejam sentidas como maliciosas, deverá ser explicado como deverão agir e pedir-lhes que pensem no que iriam sentir se lhes fizessem o mesmo.

Convidar amigos para ir a casa
- Planeie atividades ou até mesmo passeios para fazer com um amigo(a) de forma a que a visita seja estruturada e bem sucedida. É importante a presença de um adulto para precaver ou atenuar possíveis efeitos negativos relacionados com as dificuldades ao nível das competências sociais da criança. Um momento bem passado poderá ser um forte incentivo para que novas situações se proporcionem.

Inscrever a criança em atividades
- Ao inscrevê-la por exemplo nos escuteiros, grupo de música ou teatro, estará a alargar as suas experiências sociais. Estes tipos de atividades têm a vantagem de serem, normalmente supervisionadas e estruturadas. Deverá no entanto informar o adulto responsável das características da criança e quais as estratégias de integração mais eficazes.

                                                                                                                             
 Por: Liliana Silvestre, Terapeuta da Fala

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