Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Disartria

A disartria é resultante de alterações no sistema nervoso central ou periférico que provocam afeções em um ou vários dos cinco componentes que interferem na produção da fala, nomeadamente, podem estar afetados os subsistemas respiração, fonação, articulação, ressonância e prosódia. Caracteriza-se por dificuldades em atingir e/ou sustentar a variação, a força e a velocidade dos movimentos necessários para a produção da fala.

Causas: Trauma; infeções; tumores; doenças degenerativas; cardiovascular, entre outras.

Existem diversas manifestações clínicas da disartria, que obedecendo a certos critérios, podemos identificá-la como sendo:




DISARTRIA ESPÁSTICA
Tónus elevado
Rigidez e espasticidade
Disfagia e não controlo da saliva
Sulco nasogeniano suavizado ou achatado
Reduzida amplitude e pouca força da língua
Ritmo de fala lento
Características pseudobulbares: rir ou chorar sem razão aparente



DISARTRIA FLÁCIDA
Tónus baixo
Fraqueza da musculatura respiratória
Controlo labial fraco
Alterações sensitivas na língua
Alterações sensitivas na face
Alterações na função laringo-faríngea



DISARTRIA ATÁXICA
Tónus baixo
Dismetria
Dificuldade na marcha
Dificuldade na coordenação dos padrões de movimento




DISARTRIA HIPOCINÉTICA
Disartria associada ao Parkinson
Rigidez em roda dentada
Tremor de repouso
Perda de reflexos posturais
Rosto sem mecanismo de mímica facial
Tremor da mandíbula ou lábios
Piscar de olhos e deglutição pouco frequentes



DISARTRIA HIPERCINÉTICA
Associada ao movimento involuntário
Os movimentos involuntários podem ocorrer em repouso, posturas estáticas ou durante o movimento voluntário. Podem incluir breves espasmos; movimentos repentinos e repetitivos; movimentos espasmódicos; movimentos de grande amplitude; movimentos lentos com posições retorcidas.



DISARTRIA MISTA
Combinação de diferentes tipos de disartria, através da qual o mecanismo orofacial e de fala varia de acordo com o quadro. As características dependem se os neurónios motores superiores e inferiores permanecem ou não intactos

Compete ao Terapeuta da Fala definir a avaliação e a terapia no contexto da pessoa. Deverão ser definidos como critérios de avaliação: a participação comunicativa; inteligibilidade; avaliação motora básica e dos subsistemas de fala (respiração, fonação, articulação, ressonância, prosódia); deglutição (biomecânica da deglutição e sinais de aspiração); alterações de sensibilidade oro-facial intra e extra; expressão facial; gestos manuais; expressão corporal; processamento da linguagem; pragmática.

A intervenção terapêutica é determinada de acordo com os resultados da avaliação.



                                                                                      Liliana Silvestre, Terapeuta da Fala