Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Hiperatividade



Entende-se por Hiperatividade comportamentos desorganizados onde existe um predomínio de inquietude combinada com desatenção que não é própria para a idade e que se revela intensa com tendência à gravidade destes sintomas. As crianças com hiperatividade têm uma grande dificuldade em manter a atenção e a concentração mesmo que por breves momentos, apresentam graves problemas de sono e muito dificilmente conseguem estar quietas.

Uma criança inquieta, embora com grande atividade consegue alguns momentos de tranquilidade, consegue descansar, consegue parar quando as atividades lhe interessam. A criança hiperativa não.

Esta irrequietude surge, muitas vezes, como uma forma de reagir à ansiedade tendo por isso um fundo de depressão. Isto é, como não é capaz de pensar e refletir o sofrimento, a criança age como substituição ao pensar, utilizando assim o comportamento como forma de descarga.



O primeiro sintoma psicomotor entende-se como o primeiro sinal de uma tentativa de adaptação ao que os outros exigem dela, usando-o como uma chamada de atenção.

Qualquer instabilidade está relacionada com uma fuga, onde existe algo que não deixa a criança estar quieta e/ou em silêncio pois isso levá-la-ia a ter de pensar nos fantasmas mais ligados à sua realidade interior, o que lhe provocaria mais sofrimento. Desta forma, a instabilidade pode ser mesmo entendida como uma procura incessante de estabilidade que acaba por levar à insegurança.

Assim, é essencial, numa primeira intervenção, fazer uma avaliação e diagnóstico correto da criança para perceber se é uma criança inquieta ou hiperativa.



Tratamento

A terapêutica a aplicar nestes casos será a abordagem sistémica, isto é, trabalhar todos os contextos/sistemas em que a criança se insere, a escola, a família e a própria criança.

No contexto familiar, é muito importante a modelagem da relação pais-filho(s), fazendo com que esta se torne mais serena, ajudando os pais a aprenderem a acalmar-se e essencialmente a lidar com esta criança de uma forma mais tranquila, que naturalmente os deixa completamente exaustos. Ajudar os pais na construção de uma relação mais organizadora e mais rica e contentora em termos de afetos.

A nível escolar é importante que ajudem a criança a pensar melhor, criando situações de aprendizagem calmas e interessantes.

O tratamento/acompanhamento destas crianças deve ser contínuo, regular e a longo prazo.

Relativamente ao tratamento farmacológico na Hiperatividade Infantil, é importante que se tenha em mente que ao medicar estas crianças corre-se o risco de se tratar sintomas ou doenças e esquecer as próprias crianças ou doentes, pois mais medicadas não quer dizer necessariamente, melhor tratadas já que a hiperatividade e/ou o défice de atenção não passam de sintomas e sinais. Hoje em dia, há cada vez mais crianças desnecessariamente medicadas.

A essencial é perceber porque é que a criança é hiperativa e isso passa por compreender a origem, o porquê e os significados latentes desses sintomas.

Quando medicadas, a prescrição da medicação deve ser moderada, devido aos riscos que lhe estão associados, entre os quais, atrasos no crescimento e perda de apetite.