Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Lentificação Psicomotora


A lentificação psicomotora consiste num estado de diminuição dos movimentos que se tornam mais pobres e mais lentos com inexpressividade mímica aumento do tempo de latência nas respostas verbais e motoras, lentificação do pensamento e redução da actividade motora, que pode ir mesmo até à imobilidade. Pode conhecer diferentes graus de intensidade desde uma lentificação psicomotora ligeira até à inibição psicomotora.

Estes estados de lentificação psicomotora podem também estar relacionados com perturbações mentais como:

- Perturbações Mentais Orgânicas: a lentificação psicomotora é comum em encefalites, doença de Parkinson e tumores cerebrais;

- Intoxicações Agudas: em particular com substâncias depressoras do sistema nervosa central;

- Estados Depressivos: a lentificação é uma manifestação frequente nas depressões em contexto de humor deprimido, lentificação do pensamento e baixa auto-estima, podendo chegar a quadros de inibição psicomotora intensa no caso de depressões psicóticas.

Agitação Psicomotora

A agitação psicomotora consiste num estado de inquietação com aumento dos movimentos, com experiência de sensação tensão interna importante, podendo manifestar-se desde graus ligeiros a muito intensos, com manifestações eventuais de agressividade.

O sujeito agitado movimenta-se constantemente, grita e tenta afastar tudo o que aparece pelo seu caminho.

Os estados de agitação psicomotora podem também estar relacionados com um diverso conjunto de perturbações mentais como:

- Perturbações Mentais Orgânicas onde a agitação psicomotora se insere num quadro de estado de perturbação da consciência (delírio) que pode ter causas múltiplas, cerebrais ou extracerebrais. Na maior parte das vezes, a intensidade da agitação acentua-se ao fim da tarde e noite acompanhada por um agravamento vespertino e nocturno da alteração da consciência, da desorientação e das alterações perceptivas;

- Esquizofrenias onde a agitação esquizofrénica ocorre frequentemente no episódio esquizofrénico agudo, relacionada com as ideias delirantes e em estado de consciência clara, mas também nas crises de agitação catatónica;

- Psicoses Tóxicas em que a agitação aparece em síndromas de abstinência (álcool) e intoxicações agudas (álcool, cocaína e anfetaminas);

- Estados Maníacos onde a agitação maníaca é um quadro típico se está inserido num estado de euforia patológica com aceleração do pensamento e expansão do Eu;

- Estados Ansiosos porque a ansiedade se faz acompanhar frequentemente de inquietação motora;

- Depressões onde por vezes estas evoluem com agitação, em particular as depressões associadas à ansiedade (depressões agitadas);

- Perturbações de Personalidade do tipo histriónico, limite (borderline), anti-social, tendem a desenvolver agitação em situações de confronto com acontecimentos indutores de stresse.

Luto



O Luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de alguém. Essa perda pode ser de natureza diversa, como por exemplo, morte de um ente próximo, perda de um emprego, uma modificação corporal, uma alteração importante das condições de vida como uma separação, um divórcio ou término de uma relação, perda por roubo, a não concretização de um sonho, perda da junventude, perda de controlo, a perda do papel de pai ou de mãe quando os filhos saem de casa. Ao olhar e compreender a dor da perda num sentido mais amplo, pode-se sofrer por algo quase toda a sua vida. Apesar disso, a dor da perda é diferente para todos.

O luto pode também constituir parte integrante de um processo de crescimento psico-emocional.

Contudo, a dificuldade em encarar o fim da vida, como parte da existência é o que faz do luto uma experiência tão apavorante e dolorosa. Desde de criança que o ser humano é treinado para não perder e, ao invés de se trabalharem também as perdas, porque fazem parte da vida, incentivamos as crianças a ganhar e acumular ganhos.
Os pais protegem os filhos de frustrações e, perder é essencial para entender que nada na vida é permanente. Na infância perdemos jogos, objectos e até pessoas (normalmente os avós). Assim, a preparação para encarar a morte de forma menos traumática é possível e começa na infância.
As crianças podem ir aos funerais e é importante que lhes demos respostas honestas (sempre adequadas à idade), acerca da morte, em vez de respostas fantasiosas, como a de que a pessoa foi para o céu, viajou ou tornou-se uma estrelinha. No dia-a-dia é preciso falar das perdas como parte da vida. Ensinar as crianças sobre a finitude ajuda a objectivar a existência, reduzindo a angústia existencial.
O processo de luto é essencialmente entendido como uma resposta à perda, uma expressão que pode incluir tristeza, fadiga, depressão, alívio, choque, raiva, culpa e ansiedade. A importância da perda depende da importância da relação que tenha sido cortada. Os recursos individuais e sociais de apoio para lidar com a perda variam. Algumas pessoas são capazes de realizar sozinhas a elaboração do luto enquanto outras necessitam de apoio de outros.


Características do Luto Patológico:

* Comportamentos de dor semelhante aos da pessoa que sofre de Depressão, incluindo distúrbios do sono e do apetite, tristeza intensa, esses comportamentos são apenas evidentes para um curto período de tempo numa reação de luto;

* Intensos sentimentos de solidão e isolamento após a perda podem tornar-se tão esmagadores que a pessoa pode retirar-se do convívio social, isolando-se até desse suporte;

* A raiva é uma emoção frequente na sequência de uma perda e é muitas vezes confusa para quem a sente e para os que o rodeiam. Pode ser dirigida ao falecido para deixar o luto ou pode resultar de um sentimento de frustração e de culpa pela morte, onde a raiva é virada contra si próprio;

* O luto é uma montanha russa emocional e um fator de stress emocional elevado pelo que não só provoca distúrbios emocionais, mas também sintomas físicos, tais como: peito apertado, sensibilidade excessiva ao ruído, falta de ar, fraqueza muscular e falta de energia. Ocasionalmente a saúde física pode ser seriamente prejudicada, e é crescente a evidência clínica de que as pessoas recentemente enlutadas são relativamente vulneráveis ​​à doença física.


Tratamento:

Quando se verificam algumas das situações atrás descritas, em que o processo de luto se desenvolve de um modo disfuncional e mal adaptativo, deve recorrer-se a ajuda especializada.
Nestes casos, torna-se necessária a implementação de uma intervenção específica, que pode incluir a utilização de psicofármacos e a psicoterapia.

A Psicoterapia é uma enorme ajuda para elaborar o Processo de Luto. O objetivo da terapia do Luto é identificar e facilitar a resolução de dificuldades que impedem o indivíduo de completar as tarefas de Luto.

A psicoterapia poderá constituir uma mais valia, na medida em que é um espaço no qual o paciente pode expressar a sua dor, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento de mecanismos internos que permitem superar as fixações ou bloqueios, com vista à aceitação da perda e a um reposicionamento no mundo real (Parkes, 1998).

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pica



Consiste na ingestão repetida e persistente de substâncias não nutritivas e impróprias à alimentação, tais como terra, gelo, fezes, barro, giz, cinza, cabelo, unhas, entre outros, que nos adultos pode observar-se em indivíduos com psicoses esquizofrénicas, demências, autismo e debilidades mentais.
Para que estas acções sejam consideradas como pica, devem persistir por mais de um mês.

Nas crianças, a pica pode levar à intoxicação que pode resultar num prejuízo no desenvolvimento físico e mental. Além disso, pode levar a emergências cirúrgicas devido a uma obstrução intestinal, assim como os sintomas mais sutis, tais como deficiências nutricionais e parasitoses.



Factores como a privação materna, questões familiares, negligência parental, gravidez, pobreza e uma estrutura familiar desorganizada estão fortemente ligados a este distúrbio.


TRATAMENTO

A terapia tem sido utilizada com sucesso. Em alguns casos, o tratamento é tão simples como abordar o fato do sujeito ter este transtorno e perceber porque é que o tem.
Opções de tratamento com base no comportamento podem ser úteis para indivíduos portadores de deficiência mental e doente mental com pica.  Estes podem envolver a utilização de reforço positivo do comportamento normal.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Personalidade Esquizotípica


Este tipo de personalidade é caracterizado por uma aparência excêntrica e o comportamento do sujeito com esta personalidade pode ser estranho. Este mode geral de funcionamento induz um défice interpessoal marcado por competências sociais reduzidas e distorções cognitivas e perceptivas. O discurso é impreciso, digressivo e abstracto mas não completamente desorganizado. As suas convicções são inabituais, tingidas de esoterismo e de pensamento mágico. Podem, por exemplo, pensar deter um poder qualquer, que lhes permite agir sobre o outro. A expressão afectiva é pobre ou inadequada. Os sujeitos esquizotípicos podem desenvolver ideias de referência como por exemplo, impressão de que estão a falar deles, de que lhes estão a ser dirigidos sinais, entre outros, ou ilusões perceptivas. Estas ideias devem ser distinguidas das produções delirantes. As capacidades de comunicação são alteradas com dificuldades em perceber sinais sociais. Existe frequentemente uma certa desconfiança ou uma ansiedade nas relações interpessoais. Podem ser suspeituosos e apresentar um fundo paranóide  (ideias recorrentes de perseguição). As relações interpessoais são geralmente difíceis, sentem-se pouco à vontade em situação social. Têm apenas poucos amigos próximos, porque preferem as actividades solitárias.

Se conhece alguém com estas características ajude essa pessoa a procurar ajuda ou procure você uma ajuda para ela pois na maior parte das vezes estas pessoas não reconhecem que estão doentes e criam mundos só deles como defesa a tão grande sofrimento.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

As Dificuldades de Aprendizagem e os Problemas Emocionais



As dificuldades na aprendizagem caminham a maior parte das vezes ao lado que problemas emocionais. São várias as situações emocionais e comportamentais que se manifestam através da dificuldade na escola e ganham forma no insucesso escolar.

Não é fácil perceber o porquê desse insicesso escolar, o certo é que algumas crianças, diante da aprendizagem, criam resistências e bloqueios pelos medos e ansiedades que tal situação lhes provoca, o que as leva a grande instabilidade.

Estas crianças organizaram-se psiquicamente face às condições de vida em que se deu o seu desenvolvimento, e essa organização pessoal cheia de carências ao nível afectivo, ou fruto da vida fantasmática (fantasias da criança), não é compatível com o processo de aprendizagem.

Muitas vezes, os pais e os profissionais de educação (professores e educadores), ficam sem saber o que fazer, perante estas dificuldades que por vezes surgem no decorrer do processo de aprendizagem escolar das crianças. Estas dificuldades são cada vez mais notórias em idade mais tenra. Sucedem-se os pedidos de avaliação psicológica, oriundos de diversos técnicos. No entanto, estes testes apenas têm como função avaliar os componentes cognitivos e de funcionamento geral da criança. É-nos fornecida uma informação que em pouco ajuda e que apenas pode servir para desresponsabilizar os adultos envolvidos, ao ponto de se poder dizer “afinal há um problema!”. No entanto, o que os testes nos dizem é precisamente o contrário. Ao nível cognitivo está tudo bem. A nível emocional não.

Na generalidade dos casos não são as lacunas a nível cognitivo cognitivo, mas sim a ausência de um bem-estar emocional que faz com que a criança não se sinta disponível interiormente para manter a vontade de conhecer e aprender. Estas crianças estão preocupadas com outras coisas, cheias de outras coisas,coisas que perturbam, podemos dizer, logo não existe espaço para mais nada, e o conteúdo das aprendizagens pode por vezes despertar emoções difíceis de viver.

Nestes casos, e sempre que os professores ou pais verifiquem que a criança não está bem emocionalmente, poderão recomendar que consultem alguém da especialidade. Ao procurar o Psicólogo Clínico, será feita uma avaliação cognitiva e emocional para que se conclua qual a melhor intervenção e a necessidade ou não de um acompanhamento psicológico. Quase sempre é. Se for necessária intervenção de pedopsiquiatria será aconselhado pela psicóloga que os pais o façam. Poderá ser necessária uma intervenção multidisciplinar.

É de salientar que quando a família está receptiva e com disponibilidade para ajudar realmente a criança, um bom trabalho em conjunto com a família e a criança, é suficiente para desbloquear o problema emocional. Quanto mais o problema se arrasta no tempo, mas difícil será inverter a situação. Culpabilizar os pais e a escola não é solução, em nada ajuda a criança.

Características Principais nestas crianças:

* Irrequietude constante, não raras vezes confundida com a hiperactividade;
* Tristeza;
* Apatia;
* Agressividade verbal
* …

Quando a tem este género de problemas, eles são o reflexo do meio que os envolve. Influencia e é influenciada. É necessária uma intervenção especializada no contexto por que se não houver, o problema arrasta-se, podendo complicar uma situação que pode ter uma solução rápida.
É muito importante que os pais estejam alertas sempre que algum técnico sugira que a criança é hiperactiva, tem qualquer doença do espectro do autismo, síndrome de Asperger, dislexia, e peçam uma segunda opinião. Está na moda, fruto da criação de alguns centros de desenvolvimento infantil, atribuírem rótulos deste tipo a todas as crianças.

Procure ajuda para o seu filho e para si!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Personalidade Dependente


A Personalidade Dependente caracteriza-se por uma falta de confiança em si mesmo por uma dificuldade de funcionar de maneira autónoma que leva o sujeito a incumbir nos outros responsabilidades importantes nos diversos domínios da sua vida.

Segundo Birtchnell (1988), ao longo do seu desenvolvimento estas pessoas sofreram défices na constituição da dependência: défice de separação, défice da identidade pessoal, défice da confiança nas suas capacidades, défice na avaliação do seu próprio valor e défice na capacidade de inserção no mundo dos adultos. De acordo com Bornstein (1993) são quatro as componentes principais da dependência patológica: cognição (percepção de si mesmo como fraco e ineficaz), afectiva (inquietação perante as responsabilidades), motivacional (passividade, necessidade de ser amparado pelo outro), comportamental (procura de apoio e de aprovação).


Sintetizando, as características da Personalidade Dependente são:

* Dificuldade em tomar decisões na vida quotidiana sem a tranquilização e o aconselhamento excessivo dos outros;

* Necessidade que outros assumam as responsabilidades dos mais diversos domínios importantes da sua vida;

* Dificuldade em exprimir o seu desacordo em relação ao outro por receio de perder o ser apoio ou aprovação;

* Dificuldade em iniciar projectos ou fazer coisas sozinho por falta de confiança em si mesmo e nas suas capacidades;

* Procura insistentemente o apoio e a aprovação do outro ao ponto de fazer coisas voluntariamente coisas desagradáveis;

* Sente-se pouco à vontade ou impotente quando está sozinho por grande receio de não ser capaz de se desembaraçar;

* Quando uma relação próxima termina procura urgentemente uma outra relação que possa assegurar os cuidados e o apoio que necessita;

* Preocupa-se de forma irrealista, por receio de ser deixado sozinho  a resolver as situações.

Personalidade Evitante ou Ansiosa


Estes sujeitos são normalmente reservados e tímidos e a sua principal característica é o medo da rejeição. Os seus contactos sociais são restritos devido à sensibilidade excessiva ao juízo ou à crítica que vem reforçar as suas anteciações negativas.
Estas pessoas têm, por norma, a sensação de que são insignificantes para os outros e que não despertam nos outros qualquer interesse. Têm uma fraca auto-estima que os leva a evitar os imprevistos com receio de não estar à altura para os enfrentar. Contudo, são sujeitos capazes de estabelecer relações quando sentem que são aprecisados sem reserva. O recurso a estratégias de evitamento pode, no entanto, conduzi-los ao isolamento ou à repetição de insucessos profissionais e afectivos. Tendem, por isso, a refugiar-se no imaginário. Este tipo de personalidade é susceptível de se atenuar com a idade.


Características da Personalidade Ansiosa ou Evitante:
* Sentimento invasivo e persistente de tensão e de apreensão;
* Percepção de si como socialmente incompleto, sem atractivo ou inferior aos outros;
* Preocupação excessiva pelo receio de ser criticado ou rejeitado nas situações sociais;
* Recusa em estabelecer relações, a menos que esteja certo de ser apreciado;
* Restrição do modo de vida devido à necessidade de segurança;
* Evitamento das actividades sociais ou profissionais que implicam contactos importantes com o outro, por receio de ser criticado, desaprovado ou rejeitado;
* Reservado nas relações íntimas por receio de ser exposto à vergonha ou ao ridículo;
* Receio de ser rejeitado ou criticado nas situações sociais;
* Inibido nas situações interpessoais novas devido a uma sensação de não estar à altura;
* Percebe-se como socialmente incompetente, sem atractivo ou inferior aos outros;
* Particularmente reticente a correr riscos pessoais ou a envolver-se em actividades novas, por receio de se sentir embaraçado.


Se se identifica com mais de quatro destas características que o deixam tão inseguro um dia após o outro, procure um apoio psicológico para que consiga viver mais livremente e sem tantos receios ou preocupações. Aprenda a gostar mais de si.

sábado, 7 de abril de 2012

Comportamentos Aditivos e Processos de Dependência



Entende-se por Comportamento Aditivo ou Dependência, qualquer actividade, substância, objecto ou comportamento que se tornou o foco principal da vida de alguém e que a exclui de outras actividades ou que a prejudica física, mental ou socialmente.

Apesar de divergentes, as dependências físicas dos diversos produtos químicos como o álcool ou as drogas e a dependência psicológica de actividades como jogo compulsivo, o sexo, o trabalho, o exercício físico, compras ou comida são igualmente patológicas e devastadoras para quem delas sofre.

O processo de dependência é uma síndrome de características psicológicas e comportamentais que se expressa em cada indivíduo de forma particular mas que exibe uma impressionante semelhança entre sujeitos dependentes, independentemente das suas circunstâncias específicas e vícios particulares.  

 Características:
  • Baixa Auto-estima e Depressão;
  • Obsessão evidente: atribuição de uma importância excessiva e a uma determinada substância ou de um comportamento;
  • Imune às consequências adversas e resistência à modificação do comportamento;
  • Rigidez, persistência, inflexibilidade e repetição de um determinado comportamento;
  • Um conjunto de defesas psicológicas que não deixa o sujeito reconhecer e admitir o problema que o leva a ocultar a continuação do processo de dependência;
  • Pensamento direccionado apenas para aquele objecto, actividade ou substância (não consegue pensar em mais nada);
  • Sintomas de abstinência, irritabilidade ansiedade, agitação, perda de controlo;
  • Dificuldades nas relações interpessoais.

Tratamento:
Consoante o tipo e grau de dependência poderá ser necessária a intervenção de uma equipa multidisciplinar ou apenas de um acompanhamento psicológico ou psicoterapia individual.

Se sente que pode estar com um problema deste tipo ou se conhece alguém da família ou amigo viciado numa actividade, substância, objecto ou comportamento, PEÇA AJUDA AGORA!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Bulimia


A Bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por períodos de compulsão alimentar seguidos por comportamentos não saudáveis para perda de peso rápido como induzir vômito (90% dos casos), uso de laxantes, abuso de cafeína, uso de cocaína e/ou dietas inadequadas. Se diferencia da anorexia nervosa por envolver grande variação de peso, descontrole alimentar frequente e estar mais associado a depressão maior, enquanto a vítima de anorexia nervosa está mais associado com uma magreza excessiva, longos períodos sem se alimentar e transtornos de ansiedade.

Na bulimia o paciente não quer engordar, mas não consegue conter o impulso para comer por mais do que alguns dias. O paciente com bulimia tipicamente não é obeso porque usa recursos extremos para eliminar o excesso ingerido.
O bulímico é um paciente com vergonha de seu problema, com sentimento de inferioridade e auto-estima baixa. O paciente reconhece o absurdo de seu comportamento, mas por não conseguir controlá-lo sente-se inferiorizado, incapaz de conter a si mesmo, por isso vê-se a si mesmo como uma pessoa desprezível. Procura esconder dos outros s seus problemas para que não desprezem também.

Os pacientes bulímicos geralmente estão dentro do seu peso ou um pouco acima. Tentativas de dieta são realizadas constantemente e tentativas de adaptar os afazeres e compromissos rotineiros com os episódios de ingestão e auto-indução de vómito tornam seu estilo de vida bizarro, pois os episódios devem ser feitos às escondidas, mesmo das pessoas íntimas. Uma alternativa para a manutenção de seu problema escondido é a opção pelo isolamento e distanciamento social, que por sua vez gera outros problemas. Assim como a anorexia, a Bulimia ocorre geralmente no adolescente, predominantemente nas mulheres. Os assuntos preferidos de conversa são relacionados com técnicas/formas de emagrecimento. É comum o comportamento de esconder alimentos para futuros episódios.
Esta doença tem incidência maior a partir da adolescência e de 3 a 7% da população, embora seja difícil mapear o real número de pessoas que sofrem da doença, uma vez que ela está cercada de preconceitos e é difícil para o próprio doente confessar seu problema. Cerca de 90% dos casos ocorre em mulheres.

Saliente-se que a bulimia não constitui uma completa perda do controlo. O paciente consegue planear os seus episódios, esperar para ficar sozinho e guardar alimentos, por exemplo.

Critérios de Diagnóstico:

* Episódios recorrentes de consumo alimentar compulsivo - episódios bulímicos;
* Comportamentos compensatórios inapropriados (como vômito e abuso de substâncias);
* Os episódios bulímicos e compensatórios ocorrem pelo menos duas vezes por semana, por no mínimo três meses;
* Auto-avaliação indevidamente influenciada pela forma e peso corporais.
Consequências Negativas Habituais para a Saúde:
  • Problemas nos dentes e gengivas;
  • Desidratação;
  • Fadiga;
  • Ressecamento da pele;
  • Arritmia cardíaca;
  • Irregularidade ou perda da menstruação;
  • Constipação;
  • Humor depressivo e variável.
Métodos compensatórios de Perda e Peso:
  • Auto-indução de vómito;
  • Jejuns prolongados;
  • Uso de laxantes, diuréticos e enemas;
  • Exercícios excessivos;
  • Dietas ineficientes e não saudáveis;
  • Lipoaspiração e outros procedimentos cirúrgicos para reduzir o peso.
Fatores psicológicos:
  • Baixa auto-estima;
  • Pensamento do tipo “tudo ou nada” (extremistas);
  • Ansiedade elevada;
  • Perfeccionismo;
  • Dificuldade de encontrar formas saudáveis de obter prazer e satisfação;
  • Excessivamente críticos;
  • Excessivamente exigentes;
  • Insatisfação constante.
Tratamento:
Os antidepressivos tricíclicos já foram testados e apresentaram respostas parciais, ou seja, os pacientes melhoram, mas não se recuperam completamente. Os antidepressivos IMAO também apresentam uma melhora similar a dos tricíclicos, porém melhor tolerado pelos pacientes por terem menos efeitos colaterais. Os estimulantes por inibirem o apetite também apresentaram bons resultados, mas há poucos estudos a respeito ainda.
Muitos pacientes só com psicoterapias apresentam remissão completa. Mesmo que a pessoa com bulimia consiga emagrecer com ajuda de medicamentos, sem resolver os fatores psicológicos através da realização de uma psicoterapia, é muito provável que ela volte a ter novas crises no futuro e continue infeliz consigo mesma.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Anorexia



Na sociedade actual, a relação entre a mulher e o seu corpo tornou-se mais evidente, uma vez que a exigência de um corpo magro, esquálido por vezes, entendido como um padrão de beleza exigido pela moda sobretudo, recai principalmente sobre o sexo feminino. A preocupação com o corpo tornou-se uma revelação frequente nos relatos clínicos, centrando-se na imagem corporal e se estão mais ou menos gordas. Por consequência vem a preocupação com a comida e uma batalha com exercícios físicos, dietas e contagem de calorias. Existem mulheres que vivem uma autêntica tirania da magreza, suprimindo completamente os alimentos, causando sérios danos físicos e psíquicos e imenso sofrimento para elas e para a família. É tudo isto que gira em torno desta imagem de beleza que podemos apelidar de cadavérica, ou uma doença que se esconde por detrás de um padrão de beleza, o facto é que uma doença mortal quando não tratada.

É uma doença com características específicas. Trata-se de uma disfunção alimentar caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e stresse físico. É uma doença complexa que envolve componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. O sujeito com anorexia nervosa é chamado de anorético.

Esta doença afecta essencialmente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres, mas também alguns rapazes. No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de auto-imagem, dismorfia, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual ou de bullying. A taxa de mortalidade da anorexia nervosa é de aproximadamente 10%, uma das maiores entre qualquer transtorno psicológico.

A anorexia é reconhecível pela insistência que as pacientes apresentam em manter um peso abaixo do padrão de normalidade, que é o resultado da privação alimentar apesar de sofrerem terrivelmente com a fome. Esta doença começa geralmente a partir de uma dieta em que são restringidos muitos alimentos considerados “ alimentos que engordam”, conduzindo com o decurso da doença a uma perda de peso muito acentuada apresentando a adolescente ou mulher jovem um corpo esquálido e quase andrógino. Aos poucos passa-se a viver exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal, o que dificulta o convívio social, tornando-se este por vezes inexistente.
A intensa ligação com a comida, (patológica é claro) em alguns casos, torna o hábito alimentar cada vez mais secreto, bizarro e ritualizado, ao ponto de por vezes, ainda no início ninguém se aperceber do problema a não ser pelo facto da adolescente ou mulher estar cada vez mais magra. Em estados muito avançados as pacientes deixam de fazer a sua vida normal, quase sempre por incapacidade física, levando a internamentos muitas vezes com estados muito debilitados, que podem ser fatais, pois o corpo desnutrido deixa de funcionar levando ao colapso de órgãos vitais, tais como o coração e os rins. Quando as adolescentes resistem à vontade de ingerir comida, tal é sentido como um triunfo, mas se pelo contrario não o conseguem fazer quer por imposição da família, ou aspectos sociais, então sentem-se tristes e deprimidas, levando a hábitos de esconder comida para não a ingerirem, não se sentarem à mesa com a família com a desculpa de estudar e irem comer para o quarto ou outros afazeres urgentes, ou então na impossibilidade de restringir os alimentos provocarem o vomito para controlar o peso.


Outros Sintomas salientes:
  • Peso corporal em 85% ou menos do nível normal.
  • Prática excessiva de atividades físicas, mesmo tendo um peso abaixo do normal.
  • Em mulheres, ausência de ao menos três ou mais menstruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino.
  • Diminuição ou ausência da líbido; nos rapazes poderá ocorrer disfunção eréctil e dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional.
  • Crescieento retardado ou até paragem do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco).
  • Descalcificação dos dentes; cárie dentária.
  • Depresssão profunda.
  • Tendências suicidas.
  • Bulimia, que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas.
  • Obstipação grave.

Tratamento

A ideia que a anorexia é uma doença de causas orgânicas tem sido passada de alguma forma por quem encontra explicação para tudo no biológico. No entanto está provado desde há algum tempo que a anorexia é uma doença psicológica que se traduz depois em manifestações físicas e psicológicas. Tal confusão, que traduz a anorexia numa doença apenas do comportamento alimentar, pode ser extremamente perigoso, pois pode conduzir à eliminação dos sintomas físicos, pela ingestão de alimentos e descurar a parte psicológica verdadeira causadora da doença. A anorexia é uma doença do foro emocional, em que os afectos estão perturbados por isso incapazes de deixarem o corpo funcionarem levando a comportamentos de oposição pela retirada voluntária dos alimentos, virando ao que parece uma raiva surda contra si próprias que faz as adolescentes definharem perante os olhos dos pais e amigos, como se através de um corpo magro exibissem o sofrimento e o horror da sua vida interna. De salientar que esta doença requer ajuda especializada, envolvendo uma equipa multidisciplinar (médicos psiquiatras e psicoterapeutas) onde o acompanhamento psicológico psicoterapeutico é fundamental para o tratamento desta doença. Quando não tratada pode levar à morte.

Deve-se ter, por isso, em conta duas vertentes, a psicoterapêutica e a farmacológica. Deve ter-se em mente a importância de uma relação médico-paciente satisfatória, uma vez que a negação pelo paciente é muitas vezes presente. Dependendo do estado geral da paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem definido são fundamentais. O tratamento deve abordar o quadro psicológico, podendo ser principalmente a psicoterapia individual. Em relação a abordagem farmacológica tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a multicausalidade da doença. Dessa forma, é importante uma abordagem multidisciplinar, apoio da família e aderência do paciente. As recaídas podem acontecer, daí a importância de se ter um acompanhamento profissional por grandes períodos.

domingo, 1 de abril de 2012

Gaguez



A gaguez é uma perturbação do domínio das interacções orais, uma perturbação do próprio débito da elocução e não da linguagem em si. Verifica-se em cerca de 1% das crianças sendo que na sua maioria rapazes.

Gaguez Tónica – é caracterizada por um bloqueio e impossibilidade de emitir um som durante algum tempo

Gaguez Clónica – caracteriza-se pela repetição involuntária, sacudida e explosiva de uma sílaba, muitas vezes a primeira da frase.

A gaguez é fortemente acompanhada por uma variedade de movimentos motores como a crispação do rosto, tiques ou gestos variáveis mais ou menos estereotipados do rosto, da mão, dos membros inferiores e manifestações emotivas como o rubor, suor das mãos ou mal-estar podem surgir associadas.

Esta perturbação surge geralmente entre os 3 e os 5 anos de idade, no entanto, é na infância ou na adolescência que pode subrevir uma gaguez, muitas vezes de forma súbita, associada após um choque afectivo ou emocional.

A gaguez é variável, isto é, depende o sujeito, do seu estado afectivo e do conteúdo do discurso que pretende reproduzir. Acentua-se quando a relação é susceptível de desencadear uma emoção e apazigua-se ou desaparece quando as emoções estão mais facilmente controladas.

As perturbações psicoafectivas da criança gaga são tais que ninguém pode ignorá-las. No entanto, estas perturbações podem ser devido a uma personalidade patológica ou a um ambiente patológico.

O gago é normalmente introvertido, ansioso, passivo, submisso podendo ser agressivo e impulsivo.

A génese das perturbações não pode ser entendida longe do problema da comunicação e da realização da linguagem pois as reacções ansiosas, hostis ou agressivas face ao outro são susceptíveis de bloquear a espontaneidade da linguagem e de fazer aparecer o sintoma (a gaguez).

A mãe da criança gaga é normalmente ansiosa e sobreprotectora ou então distante e pouco calorosa, mãe sem segurança e insatisfatória contraditória nas suas atitudes de captação e depois de rejeição.


EVOLUÇÃO E TRATAMENTO

Em certos casos a gaguez se atenua ou chega mesmo a desaparecer espontaneamente com a idade. A sua possível persistência e o entrave relacional que representa justificam uma abordagem terapêutica.
Quanto mais precoce for o tratamento da gaguez, mais rápidos e melhores serão os resultados. É entre os 5 e os 7 anos que a terapia deve ser iniciada.
Após os 10 anos de idade e na adolescência, os tratamentos tornam-se mais difíceis e os resultados aleatórios, pelo menos relativamente ao sintoma. Isto porque se pensarmos que com o desenvolvimento da criança a gaguez pode separar-se do seu significado primitivo e permanecer apenas como um traço sem relação com a problemática psicoafectiva do indivíduo actual.

Encaminhe o seu filho para o Psicólogo se ele sofre de gaguez. Ajude-o a que a gaguez não o atormente no futuro próximo!