Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

domingo, 30 de dezembro de 2012


Como estimular a linguagem nos primeiros meses de vida?

Diga sempre as palavras corretamente. Desde os primeiros meses de vida, a criança tenta imitar todos os movimentos que observa nas pessoas em seu redor. Consequentemente, com os sons que ouve, a metodologia é similar. A criança aprende observando, sendo extremamente importante o dizer as palavras corretamente, tanto na forma como na entoação.
Fale de forma natural. Não devemos infantilizar a voz quando falamos com a criança. É importante que as crianças se sintam inseridas nas conversas entre os pais com o máximo de naturalidade. Falar de forma simples, com uma prosódia adequada, destacando os nomes dos objetos e pessoas é a forma ideal para iniciar a aprendizagem da língua.
Olhe para a criança, falando sempre de frente e de modo a mostrar a boca. O contacto visual é muito importante para estimular a afetividade e funciona como incentivo. Quando a criança consegue ver o movimento correspondente ao som pronunciado, consegue mais facilmente imitar esse mesmo som.   
Cuidado com a euforia. Quando a criança começa a balbuciar as suas primeiras palavras, é importante continuar a estimular essa forma de comunicação. Contudo, demonstrar muita euforia pode assustar a criança e ter interferência no seu desenvolvimento linguístico. O ideal é deixar a criança confortável, evitando gritar.
Peça ajuda ao irmão mais velho. A criança consegue diferenciar uma criança de um adulto, podendo inclusive imitar e aprender de forma mais rápida através de outra criança. Pedir ao irmão ou irmã que brinque com a criança também faz com que se sinta importante e participativo no processo de desenvolvimento da criança, evitando-se assim sentimentos de exclusão. Caso a criança seja o primeiro filho, dê primazia pelo contacto com outras crianças.
Não deixe que a criança se acomode. Dar carinho, atenção e amor é fulcral para a criança, mas quando existe demasiado mimo, pode prejudicar tanto o comportamento como o desenvolvimento linguístico. Se tudo o que a criança quiser estiver à sua frente, sem necessitar de se manifestar através do choro, do apontar ou do balbuciar, não haverá incentivo suficiente para que a criança comunique de alguma forma e melhore gradualmente essa comunicação. O mimo excessivo pode impedir que a criança explore o ambiente em seu redor e fazer com que perca a curiosidade para aprender.
     
Brinque bastante. O brincar também é ensinar. Os pais ao divertirem-se com a criança, não só estimulam a sua aprendizagem como eles próprios começam a entender quais as necessidades e comportamentos do filho. Uma criança que viva num ambiente tenso pode ter mais dificuldades em desenvolver-se de forma saudável.
Aproveite as situações de rotina. Quanto mais a criança for exposta à linguagem, melhor será o seu desenvolvimento. Por conseguinte, aproveite para contar histórias, cantar canções, dizer o que está a fazer com a criança nas diversas atividades (banho, vestir, refeições).

Por: Liliana Silvestre, Terapeuta da Fala

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Psicologia no Domicílio




O Consultório de Psicologia vai agora até à sua casa!




Tentando dar resposta a outras situações resolvemos disponibilizar os nossos serviços no seu domicílio.

 
Várias pessoas que emigram com a intenção de encontrar trabalho fora de Portugal ou residir em outro país, acabam por refazer a sua vida ficando com a preocupação dos pais já idosos que deixaram sozinhos. Tantos deles que acabam por cair numa sintomatologia depressiva devido ao sentimento de solidão pelo afastamento dos filhos e/ou netos com quem não podem conviver e ver crescer. Filhos estes que começam a sentir-se de mãos e pés atados por sentirem tal tristeza nos pais e por não saberem como ajudar. Alguns pensam em convence-los a ir para um lar para que tenham companhia e outros tipos de cuidados, no entanto, são muitos os idosos que se opõem a esta ideia.

Decidimos ajudar estas pessoas e levar até si uma companhia e uma ajuda. Trabalhar a autoestima destes idosos e ajudá-los a sentirem-se úteis e menos sozinhos é um dos nossos objetivos. São pessoas também muito pouco viradas para as novas tecnologias, a vida de alguns deles já sofreu grandes mudanças pelo simples fato de os termos ajudado a falar diretamente com os filhos e essencialmente com os netos através da internet.
 

 
Outras situações com que nos temos deparado são pessoas em situações mais complicadas, os quais denominamos de casos especiais. Pessoas que entram em contato connosco mas que não podem deslocar-se ao consultório, ou porque se encontram em cadeiras de rodas ou mesmo acamadas. O Consultório de Psicologia de Beja decidiu atender aos pedidos de consulta destes clientes e deslocar-se uma vez por semana, numa hora e dia a combinar, a casa dos mesmos para prestar o serviço de Psicologia.

 
Este serviço funciona apenas no consultório de Beja abrangendo assim as terras mais próximas da zona. Se reside em Beja ou arredores e está numa destas situações entre em contacto com o consultório e ajude-nos a ajudá-lo!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Atraso do desenvolvimento da linguagem


 
O termo atraso no desenvolvimento da linguagem é um termo genérico para englobar os atrasos na aquisição e/ou de desenvolvimento da linguagem, sem que existam sintomas de défice intelectual, sensorial ou motor (Bautista, 1997).
 
A comunicação humana é um fenómeno complexo e o processo neurológico que nos permite compreender e produzir linguagem corresponde a essa complexidade. A aquisição alterada da linguagem pode constituir um problema isolado ou traduzir uma perturbação mais global do desenvolvimento. Qualquer que seja a etiologia, a criança deverá ser avaliada em relação às suas capacidades verbais e linguísticas, audição e desempenho cognitivo global, sendo instituído um plano de intervenção individual. Com a maturação e intervenção adequadas, a maioria dos problemas de linguagem tem uma evolução favorável.

O atraso da linguagem ou da fala constitui um dos principais motivos de envio a consultas de desenvolvimento e terapia da fala. A preocupação dos pais acerca da aquisição da linguagem pelos seus filhos, deve ser sempre tomada em consideração de forma séria e motivar uma avaliação adequada do seu nível funcional. A etiologia que desencadeia este tipo de atraso é de origem variada. Contudo, pode-se agrupar algumas causas de forma simples: variação relativa ao ambiente familiar que pode resultar da superprotecção familiar; de abandono familiar; separações; morte de membros da família; variáveis socioculturais resultantes da falta de estruturação linguística, do baixo nível sociocultural ou de situações de bilinguismo mal integrado; e de outras variáveis como por exemplo, factores hereditários.
 
Quando uma criança evidencia atraso significativo na aquisição da linguagem, é muito importante para o esclarecimento, diagnóstico e orientação, tentar responder às seguintes questões:
1. Como é o desenvolvimento da criança nas restantes áreas?
2. Existe alguma suspeita relativa à audição da criança?
3. A criança não fala mas parece compreender o que lhe dizem de acordo com a sua idade? (Aqui é importante ter em atenção as pistas não-verbais a que a criança está geralmente atenta e que podem dar uma falsa noção de compreensão verbal)
4. A criança não fala mas é ou não comunicativa? Tem tendência a isolar-se ou a
evitar o contacto com as outras crianças?
5. Existe um padrão de aquisição tardio da fala nalgum familiar?
 
A resposta a estas questões pode fornecer pistas importantes para o diagnóstico diferencial. Na grande maioria das situações, o atraso da linguagem não é mais do que uma faceta de um atraso global do desenvolvimento, sendo por isso necessário, a sua avaliação e intervenção o mais precocemente possível.
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma mudança de atitudes, com tendência a valorizar mais precocemente os atrasos na aquisição da linguagem, particularmente quando estes se associam a ausência de interacções comunicativas. Devem ser
referenciadas as crianças que apresentem como sinais de alerta:
 
- Ausência de qualquer palavra simples, aos 18 meses;
- Ausência de qualquer frase, aos 24 meses;
- Linguagem incompreensível por estranhos, aos 3 anos;
- A associação de palavras não surge até aos 3 anos;
- Vocabulário reduzido aos 4 anos;
- Uso não comunicativo da linguagem;                        
- Desinteresse em comunicar;
- Compreensão da linguagem superior à expressão;
- Desenvolvimento do gesto como meio de comunicação.
 
 
A intervenção é essencialmente educacional, visando reforçar a interação social e a intenção comunicativa na criança.
Os estímulos usados, método e contexto em que decorrem as sessões de terapia da falasão utilizados de forma a aproximar a criança das experiências comunicativas da vida real. A finalidade da intervenção consiste em dotar a criança de um reportório linguístico que possa ser utilizado para comunicar de forma socialmente adequada no seu contexto habitual e adaptar esse contexto de modo a estimular e facilitar o desenvolvimento global da linguagem.
Uma aproximação funcional reconhece a necessidade de orientar a intervenção na linguagem de forma a incluir familiares e professores, como facilitadores da comunicação e utilizar situações da vida diária para encorajar uma comunicação funcional, num contexto de experiência significativas e com um padrão próximo ao das crianças sem problemas de linguagem, visando a generalização das aprendizagens. O papel do terapeuta da fala transforma-se no de um consultor para os facilitadores da linguagem que interagem com mais frequência com a criança.
 
Por: Liliana Silvestre

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Consultório Psicologia Clínica e Terapia da Fala

O Consultório de Psicologia Clínica em Beja, situado na morada ao lado referida, dispõe também do serviço de Terapia da Fala.

Quem é o Terapeuta da Fala?

Atualmente em Portugal, ainda existe um número alarmante de pessoas, quer da população em geral quer do meio profissional, que não está consciencializado e devidamente informado sobre o papel do terapeuta da fala. Nesse sentido, compete referir que o Terapeuta da Fala é o profissional de saúde responsável pelo desenvolvimento de atividades no âmbito da prevenção, avaliação e tratamento da deglutição e das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita como também outras formas de comunicação não verbal.
De modo a sistematizar a informação anteriormente referida, é  exibido sucintamente as principais áreas de atuação do Terapeuta da Fala, assim como as perturbações alvo de intervenção.  

Linguagem
Atraso do desenvolvimento da linguagem (ADL)
Perturbação específica da linguagem (PEL)
Afasia
Perturbação da leitura, escrita ou cálculo (dislexia,  disgrafia/disortografia, discalculia)
Articulação
Perturbação articulatória
Perturbação fonológica
Perturbação fonético-fonológica
Disartria
Apraxia do discurso
Fluência
Gaguez
Taquifémia
Deglutição
Disfagia
Voz
Disfonia

Quando se deve procurar a ajuda de um Terapeuta da Fala? 
Deve-se procurar o Terapeuta da Fala sempre que se se verificam sinais como:

Linguagem na criança:
  • Comunica utilizando apenas gestos;
  • Aos 2 anos não diz palavras;
  • Aos 2 anos não identifica objectos ou não cumpre ordens simples;
  • Aos 3 anos utiliza menos de 50 palavras;
  • Aos 3 anos não constrói frases imples;
  • Aos 3 anos não executa ordens com noções espaciais;
  • Aos 5 anos apresenta alterações evidentes num dos domínios linguísiticos.

Linguagem nos adultos:
  • Após lesão cerebral com compromisso das áreas da linguagem;
  • Quando o discurso se apresenta desorganizado, sem coerência e ligação adequada de ideias;
  • Apresenta uma linguagem desadequada aos contextos comunicativos.

Voz:
  • Ao fim do dia sente a voz cansada e rouca;
  • Falta de controlo na intensidade e na frequência;
  • Apresenta uma voz hiponasal (como se estivesse constipado);
  • Apresenta pigarreio frequente;
  • Sensação de ardor na zona laríngea e falta de ar.

Fala:
  • Aos 3 anos a criança apresenta um discurso ininteligível;
  • Aos 4 anos a criança omite ou troca sons na produção verbal;
  • Aos 5/6 anos a criança gagueja enquanto fala.

Leitura e Escrita:
  • A criança lê de forma silabada;
  • Omite ou substitui letras na leitura e/ou na escrita;
  • Inverte sílabas na leitura e/ou na escrita;
  • Apresenta dificuldades na interpretação dos textos;
  • Apresenta dificuldades na estruturação e no conteúdo das frases.

Por: Liliana Silvestre -  Terapeuta da Fala

Dislexia


                                       

O que é a Dislexia?

Designa-se por dislexia as dificuldades de leitura, escrita e/ou soletração apresentadas pela criança aquando da ausência de qualquer outra limitação ou alteração das capacidades intelectuais.

Pode ser classificada como:
*Dislexia adquirida quando surge como consequência de um traumatismo ou de uma lesão cerebral;
*Dislexia de desenvolvimento que remete para uma perturbação ou atraso na aquisição de leitura que se relaciona com problemas na aprendizagem;
*Dislexia central, quando a produção de palavras escritas ou a leitura das mesmas é afectada;
*Dislexia periférica que ocorre apenas quando é afectado um modo de saída de vocalização e escrita;
*Dislexia profunda ou fonológica, caracterizada pela ocorrência de erros semânticos (por exemplo, o sujeito lê carro quando deveria ter lido roda), e por grande dificuldade em ler palavras menos recorrentes ou desconhecidas;
*Dislexia de superfície ou ortográfica que remete para a dificuldade de leitura de palavras irregulares, ou seja, que se lêem de forma diferente à da escrita (por exemplo, a palavra “guizo”, não se lê a letra “u”).

Os primeiros sinais de dislexia surgem, por norma, na escola aquando da aprendizagem. Algumas crianças apresentam problemas de aprendizagem, dificuldades na linguagem oral, não associam símbolos gráficos às suas componentes auditivas, apresentam dificuldades em seguir as instruções e orientações, na memorização auditiva, apresentam problemas de atenção e ou de lateralidade. Na leitura e na escrita, o sujeito tende a confundir  algumas letras como, a letra “f” com a letra “v”, “p” com “b”, “ch” com “j”; “p” com o “t”, “v” com “z”, “b” com “d”, entre outras, ou então pode fazer possíveis inversões, como por exemplo,”ai”em vez de “ia”, “per” em vez de “pré”, “fla” em vez de “fal”, “cubido” em vez de “bicudo”, ou pode ainda apresentar omissões de determinadas letras o sons na palavra, como por exemplo, “livo” em vez de “livro”, “bata” em vez de “batata”.

A intervenção do Psicólogo prende-se com o ajudar a criança a melhorar e a ultrapassar as dificuldades apresentadas. Na dislexia profunda é possível a reeducação fenológica onde se aplicam exercícios que fazem o sujeito tomar consciência fonética. A Psicologia em complemento da Terapia da Fala, são o tratamento certo e adequado nestes casos. Procura aqui a sua ajuda!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Antidepressivos (Psicofarmacologia)

 
Nos dias que correm, os Antidepressivos são a forma predominante no tratamento da depressão, essencialmente por desconhecimento dos seus efeitos e de alternativas a este tratamento, uma vez que a maior parte destes diagnósticos são feitos por médicos que não têm formação ao nível da psicologia e da psiquiatria e defendem que apenas os medicamentos tratam a depressão.
 
Existem vários tipos de antidepressivos. Os que circulam mais são os (ISRS) Inibidores Selectivos de Recaptação da Serotonina, de que fazem parte o tão aclamado Prozac, o Paxetil, o Zoloft e o Cipralex. O fato de terem como nome “antidepressivos” é um tanto insidioso uma vez que não curam a depressão, apenas a atrasam e disfarçam.
 
Os antidepressivos são estimulantes da linhagem das anfetaminas que têm como função acelerar o organismo através da ação das neurohormonas, neuropeptideos e neurotransmissores como a noropinefrina e serotonina. O estímulo que o antidepressivo provoca no organismo faz com que o sujeito se sinta melhor, no entanto a sua ação é muito mais vasta, pois provoca grandes alterações psíquicas e físicas, com uma importância enorme para a saúde. Alguns autores defendem que os antidepressivos não “existem”, uma vez que, se o fossem na realidade, tratariam com eficácia a depressão o que não acontece.
 
O Prozac, por exemplo, é utilizado em curas de emagrecimento repentinas, com compostos feitos nas farmácias e que ninguém sabe a sua composição. Grande parte desses compostos, receitados pelos médicos que trabalham na área, têm por base a Fluoxetina, genérico do Prozac, mas, quem os ingere desconhece o que está a tomar.
 
Se pensarmos que grande parte das pessoas que tomam antidepressivos por um período de tempo razoável (mais de dois anos) começam a perder funções cognitivas com alguma rapidez, então imagine-se o que fazem a quem os toma muitos anos, no caso de pessoas gravemente deprimidas e que não vão além das consultas de psiquiatria. É raros os psiquiatras recomendarem às pessoas com depressão que façam psicoterapia, a não ser, que sejam psicoterapeutas ou psicanalistas. Existem estudos que comprovam que a eficácia da psicoterapia é superior ao medicamento e, como os efeitos da psicoterapia nomeadamente da psicanalítica são duradoiros, ou seja, o que foi adquirido em termos de auto-estima e autonomia permanece.
 
Efeitos prolongados dos antidepressivos:
 
*retenção urinária;
*convulsões;
*cáries dentárias;
*distúrbios sexuais;
*esatdos confusionais;
*psicose;
*alterações hematológicas e hepáticas, neurológicas, ósseas, musculares, gastrointestinais;
*entre outros...
 
Diantes destes efeitos secundários, a toma de antidepressivos, deveria ser a última opção a procurar. Depois da procura de uma psicoterapia/ajuda psicológica que seja adequada ao sujeito. Caso a psicoterapia não funcione ao fim de dois meses sensivelmente, deve aí procurar-se um tratamento combinado, psicoterapia e psiquiatria a fim de ajudar no processo de psicoterapia.
 
Muitas pessoas que tomam antidepressivos durante anos sem resultados, se fossem encaminhadas para uma psicoterapia, evitariam muitos problemas no círculo em que se movimentam, tais como, família e emprego, uma vez que o desgaste de quem está à volta de pessoas com depressão é muito intenso.
 
Contudo, saliento que existem outras situações em que a ajuda dos antidepressivos é necessária, como na Esclerose Multipla, Fibromialgia e demências tipo Alzheimer, entre outras que não estão aqui mencionadas. Desta forma,  é de grande importância a realização de um diagnóstico correto. Se é depressão por falta de auto-estima, afeto, ou perda significativa, ou se é uma doença com sintomas de depressão, não é necessário a toma de antidepressivos.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Crianças e o Divórcio dos Pais


 
 
Os pais ou figuras parentais (porque nem sempre os pais biológicos são os que criam e educam) são as figuras principais na formação e desenvolvimento dos processos psíquicos da criança. A criança é afetiva ou não consoante a relação que desenvolve com as figuras parentais assim como a relação estabelecida entre o casal. É no meio desta relação dos pais como casal e em que a criança é um terceiro elemento, que esta aprende a triangular as suas relações e que irá permitir a entradas de terceiros na sua vida.

Seja em que idade for, o divórcio dos pais torna-se sempre uma situação traumatizante na criança. Nas idades mais tenras, a criança apresenta agitação acentuada, confusão, vulnerabilidade e tente a culpabilizar-se por esta separação. Em idades maiores as crianças tendem a ficar tristes e na maior parte dos casos surge mesmo a depressão, os transtornos psicossomáticos em que se queixam muito de dores de cabeça, barriga ou estomago, enjoos, vómitos, diarreias… em ambas as situações existem um prejuízo para um bom decorrer da adolescência e depois da idade adulta.

Em situações de divórcio, o casal acaba por se central em si mesmos e perante o enredo da situação fica menos disponível para os filhos levando a uma maior ausência de interações protetoras e segurizantes na relação que nesta fase são cruciais e a falta destas pode levar a dificuldades a nível do relacionamento das crianças com os amigos, o professor, outros familiares e até da própria criança consigo mesma. Determinadas situações vividas pelos casais que se estão a separar como, quando a criança se sente um vai e vem entre os pais, quando um dos pais a utiliza para denegrir a imagem do outro, quando fazem chantagem, agridem, entre outras, podem comprometer o desenvolvimento emocional futuro da criança. Mesmo sendo o divórcio entre opai e a mãe, a criança também passa e sente a situação de divórcio pois terá de separar dentro de si o que outrora tinha unido. Surgem os mecanismos de defesa como a negação e a recusa que leva a criança a efetuar tentativas de juntar os pais, alimentando a esperança de que estes se voltarão a entender e que aos olhos da criança pode não passar de uma ilusão.

Durante esta fase, a cabeça da criança está ocupada demais e preocupada de mais com as tentativas de reconciliação dos pais e os seus interesses e fantasias, as atividades escolares, vão ser postas de lado. As notas na escola vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui significativamente, o que levará a criança a uma instabilidade enorme.

Em idades a partir dos 10 anos sensivelmente, e a partir dessa idade, os sintomas que podem surgir são essencialmente a criança parecer apresentar uma maturidade que na realidade não tem, adotando posições de distância com um controlo excessivo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, assim como sondar os limites da situação familiar face a uma nova realidade. É nestas circunstâncias que surgem muitas vezes comportamentos como o experimentar de álcool, drogas ou o iniciar a visa sexual em busca de um companhia que combata o sentimento de abandono consequente do desmoronar da família. Várias crianças e adolescentes não aceitam a separação dos pais e começam a agir a dor que sentem através de comportamentos agressivos que manifestam desgosto e hostilidade. Tendem muitas vezes a culpar a figura paternal com quem vivem e quando visitam o outro não têm por norma demostrar o mesmo comportamento por receio de mais destruição entre os dois. Mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado! Este é o sentimento que acompanha a criança constantemente.

Deve ter-se em conta que o risco de desequilíbrio psicológico da criança devido ao divórcio dos pais aumenta caso esta já tenha uma predisposição para a vulnerabilidade por antecedentes familiares de depressão ou pela própria perda ou reavivar de outras perdas mais precoces.

O divórcio não é sinónimo do fim de uma luta entre os pais, o casal muitas das vezes reaviva até os problemas não se conseguindo descentrar dos seus problemas e por isso não conseguinte gerir os dos filhos conjuntamente. A simples imposição de certos limites leva a discussões que provocam grande confusão na criança como por exemplo se a criança pede pra ir a casa de um amigo e o pai diz que não mas depois a mãe diz que sim. Vai-se instalando uma tal confusão mental na criança que se vê constantemente no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro dia após dia.

É claro que o impacto que a separação dos pais causa nos filhos depende da estabilidade daquele com quem a criança ficar. A fragilidade afetiva dos pais a seguir a um divórcio faz com que fiquem menos capazes de entender as necessidades dos filhos e a criança sofre muito com isto pois acaba por ser utilizada como instrumento de negociação entre os pais muitas das vezes, isto, quando os pais estão deprimidos e tentam absorver a criança como busca de companhia e de apoio. A criança fica desgastada afetivamente e vê-se forçada a ser o amparo do pai ou da mãe deprimida.


Nestas situações, a busca de uma ajuda especializada poderá evitar danos enormes na vida futura desta criança!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Psicopedagogia



Existem muitos pais que se queixam dos filhos que os deixam aflitos logo desde que nascem. Crianças difíceis, diz-se! Há crianças mais fáceis que dão menos trabalho mas há outras que levamos pais à exaustão e ao desespero.

É ainda comum ouvir-se muitos pais, com mais de um filho, dizerem que o primeiro não deu trabalho nenhum, já o segundo!!!! Pois bem, apesar de poderem existir vários irmãos filhos dos mesmos pais, estes são pessoas diferentes, logo reagem de maneiras diferentes requerendo outras formas de educação.

Não há pais perfeitos, nem educação ideal, mas há erros que podem ser evitados.

O carinho e as regras são fundamentais na educação de todas as crianças. Muitas vezes pais culpabilizados pelo pouco tempo que passam com os filhos, por motivos essencialmente profissionais, substituem o afeto por brinquedos caros. As crianças devem ser incentivadas a viver para o ser e não para o ter. Uma educação pautada por regras firmes mas justas e impostas com afeto é a garantia de estar a construir um ser humano saudável. Tudo isto utilizando a pedagogia do bom senso.
 
Existem determinados erros que devem ser a evitados como:
· Compensar as ausências com presentes
· Querer ser amigo em vez de pai ou mãe
· Quebrar as regras impostas
· Fazer comparações entre filhos ou com outras crianças
· Fazer pelos filhos em vez de ensinar a fazer
· Impor a perfeição aos filhos
· Proteger demasiado
· Mostrar as próprias fragilidades à criança
· Desautorizar o pai ou a mãe em frente à criança
· Não conversar com os filhos
· Não brincar com a criança
· Deixar a educação para a escola

Esclarecendo melhor:
A importância está na qualidade do tempo que os pais passam com o filho. Vale mais uma hora diária em que esteja totalmente com o seu filho do que um dia inteiro em que estejam juntos em casa mas a criança está entregue a si própria e à televisão ou computador. A tendência dos pais é fazerem-se substituir pelos presentes logo a criança passa a medir o afeto pelos presentes que recebe.
É importante ter-se consciência de que os pais não são os melhores amigos dos filhos, esses estão lá fora. Há pais que acreditam que as crianças vão gostar mais deles se tiverem um comportamento de amigo em vez de pai. Nada mais errado. As crianças querem pais que sejam pais, que contenham, que estabeleçam limites. Ser amigo do filho vai levar a que a criança relativize as regras e os conselhos e fique confusa. Pais são pais, não são amigos.
As regras impostas pelos pais têm que ser explicadas e ser justas para que sejam eficazes. Uma regra aplicada de forma injusta e com autoritarismo é uma regra que deseduca. Dizer não é uma necessidade em educação. Muitas vezes os pais têm medo de dizer não. Se proibiu o seu filho de ver televisão durante um tempo não quebre a regra, o seu filho irá julgar que pode quebrar as regras. A nível social poderá trazer-lhe problemas um dia mais tarde.
É essencial aceitar que as crianças têm ritmos diferentes e tempos de aprendizagem diferentes. Comparar com outro filho dizendo que o outro é ou foi melhor aluno, que o colega é mais inteligente porque tem melhores notas, cria sentimentos de frustração enormes. Deve aceitar o seu filho como ele é sem fazer comparações com os outros. Isso não impede que o incentive a ser uma pessoa melhor e mais bem preparada para a vida. Sem cair em exageros claro.
As crianças precisam de experimentar a fazer as coisas. Aprende-se praticando. Errar e voltar a tentar é a única forma de aprender. Por vezes os pais não deixam os filhos falhar e fazem as tarefas por eles. O seu filho tem seis anos e quer tomar banho sozinho? Ainda bem, está a manifestar a sua autonomia e por isso deve ser incentivado.
Nenhum filho é perfeito. Impor a perfeição sob pena da retirada do afeto ou de castigos é algo que cria um sentimento enorme de inferioridade. Um pai que nunca está satisfeito com as notas do filho (mesmo que o filho tenha tido 92% numa prova) é criar um sentimento de imperfeição e subir os parâmetros para níveis que levam sempre a uma grande insatisfação. Se o seu filho é um aluno médio ajude-o a aproveitar melhor as suas capacidades mas em exigir o impossível.
Proteger demasiado uma criança para que não passe por frustrações medos ou fracasso poderá levar ao bloqueio da criança. Deixe-o experimentar e falhar. Ajude-o a lidar com as adversidades da vida e a defender-se. Proteger demasiado inibe a agressividade necessária à sobrevivência.
Mostrar as preocupações às crianças vai levar a um sentimento de insegurança enorme. Os filhos esperam pais fortes e capazes de os proteger. Mostrar uma imagem de pai ou mãe desvalorizado e pouco competente pode levar a criança a criar sentimentos de culpa. Poderá falar de alguns problemas mas sem sobrecarregar com moralismos ou culpabilidade.
Quando os pais se desautorizam estão a desvalorizar-se perante a criança. A criança deixa de respeitar ambos os pais. Mesmo que não concordem devem falar em privado e chegar a um consenso. As crianças aprendem a manipular os pais que não estão em sintonia.
Para que a criança crie confiança é necessário que a comunicação seja aberta na família. Nunca deixe de responder às questões do seu filho e mantenha o canal de comunicação aberto para que ele recorra sempre que precise.
Há pais que não brincam com os filhos, ou deixam de brincar cedo demais por acharem que isso infantiliza a criança. Brincar com os pais fortalece os laços entre pais e filhos e ensina o verdadeiro valor do afeto: a criança sente-se amada e apoiada. Programar brincadeiras e atividades em família é das coisas mais proveitosas que pode fazer pelo futuro do seu filho.
Na escola não se educa, espera-se que as crianças tragam educação de casa. A educação tem que ser feita pelos pais. A função do professor é ensinar. Os problemas de disciplina estão a aumentar pela demissão dos pais da educação dos filhos. Responsabilize o seu filho pelo seu comportamento na escola e não lhe permita faltas de respeito com os professores. Deixe isso bem claro. Exija do professor que ensine, não que ensine valores morais e de conduta, embora também o possa fazer. Se os pais não cumprirem o papel de educadores, o professor vai ter dificuldade em ensinar por ter que por limites e regras que já deveriam estar adquiridos.

Depressão na Infância e na Adolescência

 
 
Apesar de ser uma realidade que tende a passar despercebida aos olhos de 70% dos pais, a depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, em crianças na faixa etária entre 9 e 17 anos, e é geralmente casada, por dificuldades de relacionamentos com a própria família, na escola ou em outros locais que frequentam. Isto, porque apesar de algumas crianças manifestarem a sua depressão através de sintomas clássicos como a tristeza, o pessimismo, ansiedade, entre outros, a maioria fá-lo de forma atípica, o que dificulta o diagnóstico.
As alterações mais visíveis tendem a confundir-se com a rebeldia: irritabilidade, agressividade, hiperatividade e/ou diminuição do rendimento escolar. É esta a manifestação atípica que impede muitos pais de perceberem a origem dos problemas e, assim, darem uma resposta eficaz.

As características de alerta surgem aquando do aparecimento de alterações menos expectáveis, como o medo da morte (conversas recorrentes sobre o tema), sentimentos de culpa e de inutilidade e retrocessos, como a encoprese ou a enurese. É necessário que nos consciencializemos de que a depressão infantil existe e pode ser grave! Infelizmente, nem todas as crianças são felizes e despreocupadas!


De forma a ajudar os pais a perceberem os sintomas de depressão na criança, passo a uma clarificação mais detalhada:
*Na primeira infância, crianças bebés até aos 2 anos sensivelmente, a depressão manifesta-se por, uma recusa do alimento por parte da criança, por um atraso no crescimento, no desenvolvimento psicomotor, da linguagem, perturbação do sono e afecções somáticas, isto é, a criança que está muitas vezes doente, faz febres, gripes, viroses com muita frequência.
*Em idade pré-escolar, entre os 2 e os 6 anos, a perturbação depressiva, manifesta-se essencialmente por distúrbios de humor (grandes birras, ou grande euforia momentânea substituída rapidamente por grande tristeza e apatia) distúrbio vegetativo (em que a criança não sabe nem gosta de brincar, isola-se muito e fica muito parada. Falta de interessa por tudo em sua volta. Podem ainda verificar-se comportamentos regressivos a todos os níveis, nomeadamente a nível esfincteriano (podem voltar a fazer cocó e chichi nas cuecas ou na cama), motor e de linguagem.
*Em idade escolar (6 a 12 anos), o quadro depressivo caracteriza-se por tristeza prolongada, ansiedade de separação (a criança que não quer deixar a mãe para ir para a escola) e sintomas psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, diarreias, febres) .
As crianças com mais de oito anos, expressam os seus sentimentos depressivos através de baixa autoestima, ideias auto- depreciatórias, sintomas psicossomáticos, baixa de energia, desinteresse e desespero.
A depressão manifesta-se muitas vezes através das dificuldades escolares, ao nível da ansiedade, do desinteresse, das dificuldades da concentração intelectual e dos problemas de comportamento, para além dos problemas alimentares e de sono. Podem também surgir queixas psicossomáticas. Pode ainda verificar-se um aumento da agressividade, grande irritabilidade, com envolvimento da criança em conflitos com os pares.

Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperatividade”, as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Hipocondria





A Hipocondria tem como principal característica a preocupação e o medo de padecer ou a convicção de possuir uma doença grave baseada na interpretação errada de sinais ou de sintomas corporais. Até mesmo, quando depois de avaliação médica realizada não identificar qualquer situação que explique inteiramente as preocupações do sujeito sobre a doença ou sintomas e sinais físicos de que se queixa. O medo e a ideia sem fundamento de que tem uma doença persistem no sujeito, apesar da tranquilização médica. De salientar que esta convicção não tem intensidade delirante, isto é, o sujeito admite a possibilidade de estar a exagerar na extensão da doença receada ou que pode mesmo não existir qualquer doença. No entanto, esta preocupação excessiva com sintomas físicos relacionados com possíveis doenças que possa ter provoca um enorme mau estar, clinicamente significativo, no sujeito, podendo mesmo levar a incapacidades a nível social, ocupacional e noutras áreas importantes do funcionamento individual do sujeito, preocupações e mau estar com duração de pelo menos seis meses consecutivos.


Na Hipocondria, a preocupação pode focar-se em funções corporais como o ritmo cardíaco ou sudorese, por exemplo, ou então em alterações físicas menores como uma pequena ferida ou uma tosse ocasional, ou até mesmo em situações físicas vagas e ambíguas como o cansaço cardíaco ou veias dolorosas. O sujeito atribui estes sinais ou sintomas corporais a uma suposta doença e acredita verdadeiramente preocupado procurando saber o seu significado, autenticidade e etiologia. Estas preocupações podem envolver vários órgãos ou sistemas simultaneamente ou em tempos diferentes. Em alternativa, a preocupação excessiva pode debruçar-se sobre apenas um órgão ou uma doença específica como o medo de uma doença cardíaca, por exemplo. São preocupações que pouco ou nada são aliviadas pela realização de exames repetidos, testes diagnósticos ou tranquilização médica. Os sujeitos hipocondríacos podem ficar alarmados por ouvirem ou lerem algo sobre doenças, conhecem alguém que adoeceu ou por observações, sensações ou ocorrências do seu próprio corpo. As preocupações das doenças com a doença das quais temem sofrer tornam-se geralmente um aspeto central na auto-imagem, um tópico do discurso social e uma resposta a situações de stress.

 

Procure aqui um apoio que o ajude a conhecer-se e a perceber porquê sente estas preocupações, ou sofre com estes receios! Aprenderá a lidar com eles e se entendidos, deixarão de o fazer sofrer dessa forma.