Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

domingo, 7 de abril de 2013

Enurese Nocturna


 Enurese nocturna é o nome técnico usado para o fazer o chichi na cama. Consiste na emissão repetida de urina, durante o dia ou durante a noite, na cama ou nas roupas, em crianças com cinco anos de idade.
O controlo dos esfíncteres dá-se, por norma, entre os dois a três anos de idade, contudo, até aos cinco anos de idade não é considerado problemático pois as crianças não se desenvolvem todas da mesma forma e ao mesmo tempo, havendo diferenças entre elas. As crianças mais novas levam algum tempo até conseguirem controlar os esfíncteres de dia e cerca de um ano depois desse controlo diurno conseguem também fazê-lo de noite.
 Fazer chichi na cama uma vez ou outra não é considerado um problema, é natural que isso aconteça algumas vezes após o tirar da fralda à noite. A enurese só é vista como uma dificuldade a ser tratada quando a criança tem mais de cinco anos, faz chichi na cama duas ou mais vezes por semana durante pelo menos três meses de noite ou de dia.

Esta disfunção acaba por limitar as actividades sociais da criança, em vários aspectos, podendo levar a criança a isolar-se, para além de que se torna num constrangimento para os pais.  Na maioria dos casos é involuntária, mas por vezes poderá ser intencional.

A enurese não pode ser causada por uma doença orgânica como espinha bífida, diabetes ou bexiga neurogenica: nesses casos, as perdas de chichi são classificadas como incontinência urinária. As causas da enurese nem sempre são fisiológicas mas sim psicológicas ao contrário daquilo que é incutido aos pais.
Algumas das situações prováveis a que a criança possa vir a apresentar enurese aumenta se o seu pai ou a sua mãe também passaram pela mesma situação em criança, se faleceu um familiar muito próximo, se os pais se estão a divorciar, ou ainda, se nasceu um irmão. Esta “incontinência” poderá ter diversas causas, que são diferentes de caso para caso, que podem ser hereditárias e emocionais uma vez que os aspectos emocionais se transmitem pela relação entre pais e filhos.

Factores como a ansiedade e o stress estão na origem da enurese nocturna, mas quase sempre têm causas relacionais: uma mãe deprimida e pouco disponível, mães ansiosas e angustiadas, pais demasiado autoritários entre outros aspectos relacionais. A incapacidade da criança conter a angústia faz com que não controle os esfíncteres deixando fluir de uma forma simbólica aquilo que não consegue conter. Mães e pais ansiosos contribuem para a ansiedade dos filhos que pode levar á enurese mais tarde. Muitas vezes também funciona como chamada de atenção para uma mãe pouco atenta, ou de retaliação para pais autoritários.

É importante que os pais se dirijam, numa primeira consulta, ao pediatra da criança para excluir a hipótese de ser alguma malformação e a psicoterapeuta de seguida, com o objectivo de ajudar os filhos a superarem a enurese. É importante que a criança se sinta motivada para melhorar, podendo os pais em casa também ajudarem, como por exemplo, lembrarem a criança de ir à casa de banho antes de dormir, não falar sobre o assunto a outras pessoas quando a criança está presente, não envergonhar nem castigar a criança, dar-lhe banho antes de ir para a escola de maneira a que odor não seja alvo de gozo por parte dos colegas e evitar o uso de fraldas, o que provocaria um retrocesso na criança.

Na maior parte dos casos de enurese resolvem-se com algum tempo de psicoterapia da criança e apoio aos pais em simultâneo (feito pelo mesmo psicólogo que faz a psicoterapia) levando ao bem-estar da criança e da família.

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