Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Crianças e o Divórcio dos Pais


 
 
Os pais ou figuras parentais (porque nem sempre os pais biológicos são os que criam e educam) são as figuras principais na formação e desenvolvimento dos processos psíquicos da criança. A criança é afetiva ou não consoante a relação que desenvolve com as figuras parentais assim como a relação estabelecida entre o casal. É no meio desta relação dos pais como casal e em que a criança é um terceiro elemento, que esta aprende a triangular as suas relações e que irá permitir a entradas de terceiros na sua vida.

Seja em que idade for, o divórcio dos pais torna-se sempre uma situação traumatizante na criança. Nas idades mais tenras, a criança apresenta agitação acentuada, confusão, vulnerabilidade e tente a culpabilizar-se por esta separação. Em idades maiores as crianças tendem a ficar tristes e na maior parte dos casos surge mesmo a depressão, os transtornos psicossomáticos em que se queixam muito de dores de cabeça, barriga ou estomago, enjoos, vómitos, diarreias… em ambas as situações existem um prejuízo para um bom decorrer da adolescência e depois da idade adulta.

Em situações de divórcio, o casal acaba por se central em si mesmos e perante o enredo da situação fica menos disponível para os filhos levando a uma maior ausência de interações protetoras e segurizantes na relação que nesta fase são cruciais e a falta destas pode levar a dificuldades a nível do relacionamento das crianças com os amigos, o professor, outros familiares e até da própria criança consigo mesma. Determinadas situações vividas pelos casais que se estão a separar como, quando a criança se sente um vai e vem entre os pais, quando um dos pais a utiliza para denegrir a imagem do outro, quando fazem chantagem, agridem, entre outras, podem comprometer o desenvolvimento emocional futuro da criança. Mesmo sendo o divórcio entre opai e a mãe, a criança também passa e sente a situação de divórcio pois terá de separar dentro de si o que outrora tinha unido. Surgem os mecanismos de defesa como a negação e a recusa que leva a criança a efetuar tentativas de juntar os pais, alimentando a esperança de que estes se voltarão a entender e que aos olhos da criança pode não passar de uma ilusão.

Durante esta fase, a cabeça da criança está ocupada demais e preocupada de mais com as tentativas de reconciliação dos pais e os seus interesses e fantasias, as atividades escolares, vão ser postas de lado. As notas na escola vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui significativamente, o que levará a criança a uma instabilidade enorme.

Em idades a partir dos 10 anos sensivelmente, e a partir dessa idade, os sintomas que podem surgir são essencialmente a criança parecer apresentar uma maturidade que na realidade não tem, adotando posições de distância com um controlo excessivo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, assim como sondar os limites da situação familiar face a uma nova realidade. É nestas circunstâncias que surgem muitas vezes comportamentos como o experimentar de álcool, drogas ou o iniciar a visa sexual em busca de um companhia que combata o sentimento de abandono consequente do desmoronar da família. Várias crianças e adolescentes não aceitam a separação dos pais e começam a agir a dor que sentem através de comportamentos agressivos que manifestam desgosto e hostilidade. Tendem muitas vezes a culpar a figura paternal com quem vivem e quando visitam o outro não têm por norma demostrar o mesmo comportamento por receio de mais destruição entre os dois. Mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado! Este é o sentimento que acompanha a criança constantemente.

Deve ter-se em conta que o risco de desequilíbrio psicológico da criança devido ao divórcio dos pais aumenta caso esta já tenha uma predisposição para a vulnerabilidade por antecedentes familiares de depressão ou pela própria perda ou reavivar de outras perdas mais precoces.

O divórcio não é sinónimo do fim de uma luta entre os pais, o casal muitas das vezes reaviva até os problemas não se conseguindo descentrar dos seus problemas e por isso não conseguinte gerir os dos filhos conjuntamente. A simples imposição de certos limites leva a discussões que provocam grande confusão na criança como por exemplo se a criança pede pra ir a casa de um amigo e o pai diz que não mas depois a mãe diz que sim. Vai-se instalando uma tal confusão mental na criança que se vê constantemente no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro dia após dia.

É claro que o impacto que a separação dos pais causa nos filhos depende da estabilidade daquele com quem a criança ficar. A fragilidade afetiva dos pais a seguir a um divórcio faz com que fiquem menos capazes de entender as necessidades dos filhos e a criança sofre muito com isto pois acaba por ser utilizada como instrumento de negociação entre os pais muitas das vezes, isto, quando os pais estão deprimidos e tentam absorver a criança como busca de companhia e de apoio. A criança fica desgastada afetivamente e vê-se forçada a ser o amparo do pai ou da mãe deprimida.


Nestas situações, a busca de uma ajuda especializada poderá evitar danos enormes na vida futura desta criança!

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