Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

terça-feira, 26 de março de 2013

Dificuldades de Aprendizagem

O conceito de dificuldades de aprendizagem (DA) surgiu da necessidade de se compreender a razão pela qual um conjunto de alunos, aparentemente normais, estava constantemente a ter insucesso escolar, especialmente em áreas como a leitura, a escrita ou o cálculo. O aluno com DA é um aluno com potencial para a aprendizagem médio, ou acima da média. E é este um dos principais aspetos a transmitir-lhe, no sentido de o ajudar a situar-se e a compreender as suas áreas fortes e necessidades educativas.


  
Atualmente, existem pelo menos seis categorias de DA que já foram  identificadas:
Auditivo-linguística: Prende-se com um problema de perceção que, frequentemente, leva o aluno a ter dificuldade na execução ou compreensão das instruções que lhe são dadas. Não é um problema de acuidade auditiva, mas sim de compreensão/perceção daquilo que é ouvido.
Visuo-espacial: Envolve características diversas, tais como alguma incapacidade para compreender a cor, para diferenciar estímulos essenciais de secundários (problemas de figura-fundo) e para visualizar orientações no espaço. Aqueles alunos que apresentem problemas nas relações espaciais e direcionais têm frequentemente dificuldades na leitura, como por exemplo, começar a ter problemas na leitura das letras b/d e p/q (reversões).
Motora: Apresenta DA relacionadas com a área motora, tendo problemas de coordenação global ou fina ou mesmo de ambas, visíveis quer em casa quer na escola, originando problemas na escrita e no uso do teclado e do rato de um computador.
Organizacional: Este problema leva o aluno a ter dificuldades quanto à localização do princípio, meio e fim de uma tarefa. O aluno tem ainda dificuldade em resumir e organizar informação, o que o impede de fazer os trabalhos de casa, apresentações orais e outras tarefas escolares afins.
Académica: Esta categoria é uma das mais comuns. Os alunos tanto podem apresentar problemas na área da matemática, como serem dotados nesta mesma área e terem problemas na área da leitura ou da escrita, ou em ambas.
Socioemocional: O aluno tem dificuldade em cumprir regras sociais (esperar pela sua vez) e em interpretar expressões faciais o que faz com que ele seja muitas vezes incapaz de desempenhar tarefas de acordo com a sua idade cronológica e mental.
A identificação das Da deve ser feita o mais precocemente possível, através de observações dos comportamentos da criança. Assim, os profissionais (especialmente os educadores e professores) e os pais, devem estar atentos a um conjunto de sinais que a criança manifeste contínua ou frequentemente, uma vez que não existem indicadores isolados para a identificação das Da.

O ensino direto do uso eficaz da língua deverá assentar em atividades concebidas para estimular capacidades específicas e atingir objetivos determinados.
Nos primeiros anos de escolaridade deverá ser prestada especial atenção à expressão espontânea da criança, devendo para tal serem:
·    Aproveitadas as oportunidades oferecidas pelas experiências do quotidiano;
·    Observar e relatar acontecimentos vividos e discuti-los com pares e adultos é primordial na exposição e situações que requerem o aumento de vocabulário e a utilização de estruturas sintáticas de complexidade crescente.
Paralelamente:
·    A narração de histórias reais ou inventadas;     
·    A dramatização;
·    A recitação de rimas e poemas;
·    A leitura em voz alta
Todas estas atividades vão favorecer o contacto com um leque alargado de vocabulário e estimular a capacidade antecipatória da criança, determinante na mestria da linguística.
Além da intervenção da família e da escola a criança com dificuldades de oralidade deve beneficiar de apoio mais especifico e especializado de profissionais de terapia da fala, que tal como acontece com a família deverá fazer articulação com a escola e serviço de psicologia, caso esteja também implicado.
A abordagem em terapia da fala passa pelos princípios básicos de avaliação e intervenção na linguagem em todos os seus níveis e na orientação à família e escola. A intervenção, de acordo com cada criança, poderá envolver objetivos como um trabalho mais incidente na fonética/fonologia, discriminação auditiva, motricidade oral (alterações no padrão de alimentação, respiração e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios), linguagem oral (onde o enfoque poderá estar centrado na expressão e/ou receção de linguagem) e linguagem escrita (dislexias, disortografias e disgrafias).
Todas as atividades de estimulação devem ser realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança sinta prazer nas técnicas propostas. É igualmente recomendável envolver a família e, quando necessário, a escola.


Por: Liliana Silvestre
 Terapeuta da Fala

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