A Síndrome de Asperger é um transtorno do espectro do autismo e caracteriza-se, essencialmente, pela dificuldade de interacção social, respostas socialmente inapropriadas, dificuldades em processar e expressar emoções, dificuldades de ajuste a proximidade física, interpretação rigorosa da linguagem, dificuldade em lidar com mudanças, rituais ou comportamentos repetitivos e estereotipados, interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras actividades e descoordenação motora.
Apesar das suas semelhanças com o autismo, os portadores de Síndrome de Asperger têm, geralmente, elevadas habilidades cognitivas, um Q.I. verbal significativamente mais elevado que o não-verbal e podem possuir um extremo comando da linguagem e vocabulário elaborado, contudo, revelam-se incapacitadas de o usar em contexto social e geralmente apresentam um tom monocórdico com alguma nuance e inflexão na voz. Na escola, podem ser considerados inaptos ou superdotados altamente inteligente, claramente capazes de superar os seus colegas no seu campo de interesse. Além disso, embora sejam frequentemente conotadas pelos pais e professores como "estando no seu próprio mundo", raramente são distantes como os portadores de autismo (Bauner, 1995).
As crianças com Síndrome de Asperger, podem ou não procurar uma interacção social, no entanto, apresentam sempre dificuldades em interpretar e aprender as capacidades da interacção social e emocional com os outros.
Em sujeitos adultos, o diagnóstico da Síndrome de Asperger torna-se uma tarefa difícil e imprecisa, uma vez que já aprenderam a mascarar os seus erros sociais. Quando distraídos demonstram os sintomas da Síndrome de Asperger, mas se concentrados numa interacção social específica, podem comportar-se de forma aparentemente normal.
Esta sindrome é mais comum no sexo masculino e apresenta-se com uma falta de habilidade natural de "perceber" os subtextos da interacção social podendo mesmo não ter capacidade de expressar o seu próprio estado emocional, resultanto em observações e comentários que podem parecer ofensivos apesar de bem-intencionados, ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável". Os Aspergers têm de aprender certas aptidões sociais (regras informais de convívio social) intelectualmente de forma clara, seca e lógica como matemática, em vez de intuitivamente por meio da interacção emocional normal.
As interacções sociais destes sujeitos podem ser afectadas negativamente pela dificuldade dos mesmos em compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal, em interpretar as palavras sempre em sentido denotativo, por serem considerados rudes e ofensivos (não captam indirectas e sinais de alerta de que o seu comportamento é inadequado à situação social). Ao longo do tempo apercebem-se dos seus erros sociais e temem cometer novos erros isolando-se cada vez mais, pelo seu desinteresse por realizar novas actividades e viver novas experiências, pela sua constante crítica de tudo o que o rodeia, dificuldade em relacionamentos, facilidade extrema com números e lógica, comportamento variável, paranóia, dificuldade em lidar com conflitos, falta de empatia em geral que pode levar a comportamentos ofensivos e insensíveis não-intencionais, incapacidade de consolar o outro, incapacidade de reconhecer sinais de enfado, dificuldade em entender os seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios, demonstrações curtas e fracas de expressões de afecto e/ou de rancor, compreensão de embaraços e gafes com incapacidade de aplicar estes conceitos ao nível emocional, dificuldade em lidar com críticas.
Outro aspecto a salientar nas diferenças sociais encontradas em aspergers é uma fraqueza na coerência central do indivíduo, isto é, podem focar-se de tal forma em determinados detalhes que não conseguem compreender o conjunto. Podem lembrar-se de uma história minuciosamente mas não ser capaz de fazer um juízo de valor sobre a narrativa, ou podem entender um conjunto de regras detalhadamente mas ter dúvidas de como aplicá-las.
TRATAMENTO
É claro, para todos, que quanto mais cedo se iniciar um tratamento, melhor e mais rápida será a sua recuperação. Esta, implica um tratamento a nível psicoterapeutico, a nível educacional e a nível social. O Treino de Competências Sociais, é uma importante componente. A linguagem corporal e a comunicação não-verbal podem ser ensinadas da mesma forma que se ensina uma língua estrangeira.
As crianças conseguem aprender como interpretar expressões não-verbais, emoções e interacções sociais. Este procedimento assiste-se nas interacções sociais e aproximações com as pesoas, prevenindo assim o isolamento e depressão que geralmente ocorre assim que entram na adolescência.
O conceito de competência social está relacionado com a capacidade de articular pensamentos, sentimentos, e acções em função de consequencias positivas para si e para os outros (Oliveira, 2005). Para que isso ocorra, algumas habilidades são indispensáveis ao funcionamento adaptativo ds crianças, tais como autocontrole e expressividade emocional, civilidade, empatia assertividade, construir amizades, solucionar problemas interpessoais e habilidades sociais académicas. A ausência ou ineficiência destas habilidades podem resultar em problemas comportamentais, emocionais e consequentemente, em transtornos psicológicos que se manifestam de duas formas: problemas internalizantes e externalizantes que actuam em conjunto dependendo da gravidade da situação.
É de extrema importância a socialização no amadurecimento das habilidades sociais da criança que ao socializar-se, passa a obter novas informações sobre o ambiente e sobre as pessoas ao seu redor. O aprendizado das habilidades sociais ocorre como consequência dessa interação, ou seja, a forma de se relacionar será aprendida dependendo dos exemplos de competência social, assim como da qualidade dos estímulos oferecidos. Nesse aspecto pais, professores e psicoterapeutas devem estar atentos, estabelecer regras justas, utilizar o feedback de maneira sábia e não oferecer exemplos contrários. Tais ações podem favorecer o desenvolvimento da criança no seu aspecto social.
As intervenções, de entre as quais se destacam os jogos e brincadeiras, exigem um planeamento detalhado.
Devem ser trabalhadas outras habilidade sociais como o reconhecimento das emoções, o comportamento de falar sobre elas, expressá-las, lidar com o próprio humor e com sentimentos negativos, tolerar frustrações e desenvolver o espírito desportivo. Elaboram-se alternativas para ajudar as crianças, tais como conversar sobre o assunto e não menosprezar o que as crianças sentem, assim como utilizar vivências com cores e histórias para estimular o reconhecimento das emoções. Habilidades como cumprimentar, aceitar e fazer elogios, entre tantas outras, auxiliam as crianças a manter um bom contato social com os colegas e com os adultos.
A assertividade, oferece às crianças a habilidade de se adequar a um contexto, como o exemplo da criança que questiona a sua nota junto à professora, e espera o momento oportuno, faz as suas colocações adequadamente, sem ansiedade ou maus modos. A aquisição desta habilidade favorece a manutenção de outras, como a civilidade, o autocontrolo e a expressividade emocional.
Ao saber diferenciar o que deve e o que pode fazer, a criança automaticamente faz uso de suas habilidades assertivas, de civilidade e de empatia.
Outra habilidade que atua como facilitadora das competências sociais é a capacidade de fazer amizades, que é vista como fonte de aprendizagem e autoconhecimento.
Minha linda, lusitana!
ResponderEliminarPrometo fazer como as estrelas,
sem jamais te machucar...
As minhas atitudes fazê-las,
com todos que eu conversar.