Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Esperança




Ironia era o seu próprio nome… herdado por quem lhe deu a vida, por quem teria o dever de mimar, de dar amor. Significando confiança, expectativa, crença na aquisição de um bem que se deseja, tudo remete para o belo, para o infinito, para a fé, para a vida!


Nunca se esperam erros daqueles a quem queremos bem e é sempre o último a querer ver, aquele que está presente, que partilha, que acredita, que ama!
E existem erros realmente incompreensíveis aos olhos da sociedade, inconcebíveis ao conhecimento do senso comum, à agnosia do povo. Nem se espera que sejam compreendidos. Não se atende que sejam aceites no nosso quotidiano. Que seria de nós se assim o fosse?!

“Desacertos” deste tipo, causam tremores até naqueles que se instruíram para saber olhá-los de frente, estudá-los a fundo, perceber porque existem. Nem sempre é interessante entender como funciona a mente humana. Nem sempre é glorioso e bonito conhecer as várias características que formam as existentes personalidades. A mente humana tem demasiados corredores longos e sombrios… tantos que o próprio indistinto os desconhece. Muitos deles misturados e confusos, amalgamados e mesclados, muitos deles inóspitos e adversos.


As certezas de uma vida e de muitos dos porquês, estão no conhecimento das vidas precedentes, dos fios que a entrelaçam, do sangue que lhe escorre nas veias. Existem vidas demasiado embrulhadas e existem nelas razões com que a própria razão não se deparou.


É intrigante é como não há quem se tenha dado conta… quem não tenha reparado numa só característica. Quem não tenho tido tempo para poder observar sem se aperceber. Quem não se tenha realmente importado com o outro. O egoísmo continua a prevalecer! E a crítica continua a ser o cimo do valor humano. Porque houve quem visse a inconstância, houve quem desse conta da instabilidade, houve quem não quisesse compreender a tristeza, a agressividade, o desequilíbrio.

Existe a sedução, a falsidade, a irresponsabilidade, o desrespeito e a violação dos direitos dos outros, a incapacidade de conformação com as regras sociais. Existe a despreocupação, a mentira, a ausência de remorso, a indiferença. Nada disto é perfeitamente compreensível, nada disto se espera que se reconheça e apreenda. Mas existe o olhar inquieto e perdido, muitas vezes com dificuldade em contactar, existe a agonia invisível e transparente, existe a angústia escondida, o sorriso mortiço e a convivência superficial. Existe a instabilidade que tantos acham doidice, a vontade de pôr fim à vida sem razão aparente. Parece-me que o que existe verdadeiramente, é a falta de empatia no ser humano!


Agora… agora ficam as memórias. Sobram as lágrimas, brotam as recordações. Espera-se que fique a esperança de que estes “desacertos” não sejam esquecidos, de que estes actos não existiram em vão.


Ironia… foi a vida, de uma vida há muitos anos, que veio ao mundo sem conhecer um dia o significado do nome que lhe foi deixado.

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