Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.
Marie Curie

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Luto



O Luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de alguém. Essa perda pode ser de natureza diversa, como por exemplo, morte de um ente próximo, perda de um emprego, uma modificação corporal, uma alteração importante das condições de vida como uma separação, um divórcio ou término de uma relação, perda por roubo, a não concretização de um sonho, perda da junventude, perda de controlo, a perda do papel de pai ou de mãe quando os filhos saem de casa. Ao olhar e compreender a dor da perda num sentido mais amplo, pode-se sofrer por algo quase toda a sua vida. Apesar disso, a dor da perda é diferente para todos.

O luto pode também constituir parte integrante de um processo de crescimento psico-emocional.

Contudo, a dificuldade em encarar o fim da vida, como parte da existência é o que faz do luto uma experiência tão apavorante e dolorosa. Desde de criança que o ser humano é treinado para não perder e, ao invés de se trabalharem também as perdas, porque fazem parte da vida, incentivamos as crianças a ganhar e acumular ganhos.
Os pais protegem os filhos de frustrações e, perder é essencial para entender que nada na vida é permanente. Na infância perdemos jogos, objectos e até pessoas (normalmente os avós). Assim, a preparação para encarar a morte de forma menos traumática é possível e começa na infância.
As crianças podem ir aos funerais e é importante que lhes demos respostas honestas (sempre adequadas à idade), acerca da morte, em vez de respostas fantasiosas, como a de que a pessoa foi para o céu, viajou ou tornou-se uma estrelinha. No dia-a-dia é preciso falar das perdas como parte da vida. Ensinar as crianças sobre a finitude ajuda a objectivar a existência, reduzindo a angústia existencial.
O processo de luto é essencialmente entendido como uma resposta à perda, uma expressão que pode incluir tristeza, fadiga, depressão, alívio, choque, raiva, culpa e ansiedade. A importância da perda depende da importância da relação que tenha sido cortada. Os recursos individuais e sociais de apoio para lidar com a perda variam. Algumas pessoas são capazes de realizar sozinhas a elaboração do luto enquanto outras necessitam de apoio de outros.


Características do Luto Patológico:

* Comportamentos de dor semelhante aos da pessoa que sofre de Depressão, incluindo distúrbios do sono e do apetite, tristeza intensa, esses comportamentos são apenas evidentes para um curto período de tempo numa reação de luto;

* Intensos sentimentos de solidão e isolamento após a perda podem tornar-se tão esmagadores que a pessoa pode retirar-se do convívio social, isolando-se até desse suporte;

* A raiva é uma emoção frequente na sequência de uma perda e é muitas vezes confusa para quem a sente e para os que o rodeiam. Pode ser dirigida ao falecido para deixar o luto ou pode resultar de um sentimento de frustração e de culpa pela morte, onde a raiva é virada contra si próprio;

* O luto é uma montanha russa emocional e um fator de stress emocional elevado pelo que não só provoca distúrbios emocionais, mas também sintomas físicos, tais como: peito apertado, sensibilidade excessiva ao ruído, falta de ar, fraqueza muscular e falta de energia. Ocasionalmente a saúde física pode ser seriamente prejudicada, e é crescente a evidência clínica de que as pessoas recentemente enlutadas são relativamente vulneráveis ​​à doença física.


Tratamento:

Quando se verificam algumas das situações atrás descritas, em que o processo de luto se desenvolve de um modo disfuncional e mal adaptativo, deve recorrer-se a ajuda especializada.
Nestes casos, torna-se necessária a implementação de uma intervenção específica, que pode incluir a utilização de psicofármacos e a psicoterapia.

A Psicoterapia é uma enorme ajuda para elaborar o Processo de Luto. O objetivo da terapia do Luto é identificar e facilitar a resolução de dificuldades que impedem o indivíduo de completar as tarefas de Luto.

A psicoterapia poderá constituir uma mais valia, na medida em que é um espaço no qual o paciente pode expressar a sua dor, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento de mecanismos internos que permitem superar as fixações ou bloqueios, com vista à aceitação da perda e a um reposicionamento no mundo real (Parkes, 1998).

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