Os pais ou figuras parentais (porque nem sempre os pais
biológicos são os que criam e educam) são as figuras principais na formação e
desenvolvimento dos processos psíquicos da criança. A criança é afetiva ou não
consoante a relação que desenvolve com as figuras parentais assim como a
relação estabelecida entre o casal. É no meio desta relação dos pais como casal
e em que a criança é um terceiro elemento, que esta aprende a triangular as
suas relações e que irá permitir a entradas de terceiros na sua vida.
Seja em que idade for, o divórcio dos pais torna-se sempre
uma situação traumatizante na criança. Nas idades mais tenras, a criança
apresenta agitação acentuada, confusão, vulnerabilidade e tente a
culpabilizar-se por esta separação. Em idades maiores as crianças tendem a
ficar tristes e na maior parte dos casos surge mesmo a depressão, os transtornos
psicossomáticos em que se queixam muito de dores de cabeça, barriga ou
estomago, enjoos, vómitos, diarreias… em ambas as situações existem um prejuízo
para um bom decorrer da adolescência e depois da idade adulta.
Em situações de divórcio, o casal acaba por se central em si
mesmos e perante o enredo da situação fica menos disponível para os filhos
levando a uma maior ausência de interações protetoras e segurizantes na relação
que nesta fase são cruciais e a falta destas pode levar a dificuldades a nível
do relacionamento das crianças com os amigos, o professor, outros familiares e
até da própria criança consigo mesma. Determinadas situações vividas pelos
casais que se estão a separar como, quando a criança se sente um vai e vem
entre os pais, quando um dos pais a utiliza para denegrir a imagem do outro,
quando fazem chantagem, agridem, entre outras, podem comprometer o
desenvolvimento emocional futuro da criança. Mesmo sendo o divórcio entre opai
e a mãe, a criança também passa e sente a situação de divórcio pois terá de
separar dentro de si o que outrora tinha unido. Surgem os mecanismos de defesa
como a negação e a recusa que leva a criança a efetuar tentativas de juntar os
pais, alimentando a esperança de que estes se voltarão a entender e que aos
olhos da criança pode não passar de uma ilusão.
Durante esta fase, a cabeça da criança está ocupada demais e
preocupada de mais com as tentativas de reconciliação dos pais e os seus
interesses e fantasias, as atividades escolares, vão ser postas de lado. As
notas na escola vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui significativamente,
o que levará a criança a uma instabilidade enorme.
Em idades a partir dos 10 anos sensivelmente, e a partir
dessa idade, os sintomas que podem surgir são essencialmente a criança parecer
apresentar uma maturidade que na realidade não tem, adotando posições de
distância com um controlo excessivo, a fim de negar os sentimentos de vergonha
e neutralizar a ansiedade, assim como sondar os limites da situação familiar
face a uma nova realidade. É nestas circunstâncias que surgem muitas vezes
comportamentos como o experimentar de álcool, drogas ou o iniciar a visa sexual
em busca de um companhia que combata o sentimento de abandono consequente do
desmoronar da família. Várias crianças e adolescentes não aceitam a separação
dos pais e começam a agir a dor que sentem através de comportamentos agressivos
que manifestam desgosto e hostilidade. Tendem muitas vezes a culpar a figura
paternal com quem vivem e quando visitam o outro não têm por norma demostrar o
mesmo comportamento por receio de mais destruição entre os dois. Mais vale ter
uma relação insegura que ser abandonado! Este é o sentimento que acompanha a
criança constantemente.
Deve ter-se em conta que o risco de desequilíbrio psicológico
da criança devido ao divórcio dos pais aumenta caso esta já tenha uma
predisposição para a vulnerabilidade por antecedentes familiares de depressão
ou pela própria perda ou reavivar de outras perdas mais precoces.
O divórcio não é sinónimo do fim de uma luta entre os pais, o
casal muitas das vezes reaviva até os problemas não se conseguindo descentrar
dos seus problemas e por isso não conseguinte gerir os dos filhos conjuntamente.
A simples imposição de certos limites leva a discussões que provocam grande
confusão na criança como por exemplo se a criança pede pra ir a casa de um
amigo e o pai diz que não mas depois a mãe diz que sim. Vai-se instalando uma
tal confusão mental na criança que se vê constantemente no meio dos pais em que
cada um denigre a imagem do outro dia após dia.
É claro que o impacto que a separação dos pais causa nos
filhos depende da estabilidade daquele com quem a criança ficar. A fragilidade
afetiva dos pais a seguir a um divórcio faz com que fiquem menos capazes de
entender as necessidades dos filhos e a criança sofre muito com isto pois acaba
por ser utilizada como instrumento de negociação entre os pais muitas das
vezes, isto, quando os pais estão deprimidos e tentam absorver a criança como
busca de companhia e de apoio. A criança fica desgastada afetivamente e vê-se
forçada a ser o amparo do pai ou da mãe deprimida.
Nestas situações, a
busca de uma ajuda especializada poderá evitar danos enormes na vida futura
desta criança!
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