Existem muitos pais que se
queixam dos filhos que os deixam aflitos logo desde que nascem. Crianças
difíceis, diz-se! Há crianças mais fáceis que dão menos trabalho mas há outras
que levamos pais à exaustão e ao desespero.
É ainda comum ouvir-se muitos
pais, com mais de um filho, dizerem que o primeiro não deu trabalho nenhum, já
o segundo!!!! Pois bem, apesar de poderem existir vários irmãos filhos dos
mesmos pais, estes são pessoas diferentes, logo reagem de maneiras diferentes
requerendo outras formas de educação.
Não há pais perfeitos, nem educação ideal, mas há erros que podem
ser evitados.
O carinho e as regras são
fundamentais na educação de todas as crianças. Muitas vezes pais culpabilizados
pelo pouco tempo que passam com os filhos, por motivos essencialmente profissionais,
substituem o afeto por brinquedos caros. As crianças devem ser incentivadas a
viver para o ser e não para o ter. Uma educação pautada por
regras firmes mas justas e impostas com afeto é a garantia de estar a construir
um ser humano saudável. Tudo isto utilizando a pedagogia do bom senso.
Existem determinados erros
que devem ser a evitados como:
· Compensar as ausências com presentes
· Querer ser amigo em vez de pai ou mãe
· Quebrar as regras impostas
· Fazer comparações entre filhos ou com outras
crianças
· Fazer pelos filhos em vez de ensinar a fazer
· Impor a perfeição aos filhos
· Proteger demasiado
· Mostrar as próprias fragilidades à criança
· Desautorizar o pai ou a mãe em frente à
criança
· Não conversar com os filhos
· Não brincar com a criança
· Deixar a educação para a escola
Esclarecendo melhor:
É importante ter-se
consciência de que os pais não são os melhores amigos dos filhos, esses estão
lá fora. Há pais que acreditam que as crianças vão gostar mais deles se tiverem
um comportamento de amigo em vez de pai. Nada mais errado. As crianças querem
pais que sejam pais, que contenham, que estabeleçam limites. Ser amigo do filho
vai levar a que a criança relativize as regras e os conselhos e fique confusa.
Pais são pais, não são amigos.
As regras impostas pelos pais
têm que ser explicadas e ser justas para que sejam eficazes. Uma regra aplicada
de forma injusta e com autoritarismo é uma regra que deseduca. Dizer não é uma
necessidade em educação. Muitas vezes os pais têm medo de dizer não. Se proibiu
o seu filho de ver televisão durante um tempo não quebre a regra, o seu filho
irá julgar que pode quebrar as regras. A nível social poderá trazer-lhe
problemas um dia mais tarde.
É essencial aceitar que as
crianças têm ritmos diferentes e tempos de aprendizagem diferentes. Comparar
com outro filho dizendo que o outro é ou foi melhor aluno, que o colega é mais
inteligente porque tem melhores notas, cria sentimentos de frustração enormes.
Deve aceitar o seu filho como ele é sem fazer comparações com os outros. Isso
não impede que o incentive a ser uma pessoa melhor e mais bem preparada para a
vida. Sem cair em exageros claro.
As crianças precisam de
experimentar a fazer as coisas. Aprende-se praticando. Errar e voltar a tentar
é a única forma de aprender. Por vezes os pais não deixam os filhos falhar e
fazem as tarefas por eles. O seu filho tem seis anos e quer tomar banho
sozinho? Ainda bem, está a manifestar a sua autonomia e por isso deve ser
incentivado.
Nenhum filho é perfeito. Impor
a perfeição sob pena da retirada do afeto ou de castigos é algo que cria um
sentimento enorme de inferioridade. Um pai que nunca está satisfeito com as
notas do filho (mesmo que o filho tenha tido 92% numa prova) é criar um
sentimento de imperfeição e subir os parâmetros para níveis que levam sempre a
uma grande insatisfação. Se o seu filho é um aluno médio ajude-o a aproveitar
melhor as suas capacidades mas em exigir o impossível.
Proteger demasiado uma criança
para que não passe por frustrações medos ou fracasso poderá levar ao bloqueio da
criança. Deixe-o experimentar e falhar. Ajude-o a lidar com as adversidades da
vida e a defender-se. Proteger demasiado inibe a agressividade necessária à
sobrevivência.
Mostrar as preocupações às
crianças vai levar a um sentimento de insegurança enorme. Os filhos esperam
pais fortes e capazes de os proteger. Mostrar uma imagem de pai ou mãe
desvalorizado e pouco competente pode levar a criança a criar sentimentos de
culpa. Poderá falar de alguns problemas mas sem sobrecarregar com moralismos ou
culpabilidade.
Quando os pais se desautorizam
estão a desvalorizar-se perante a criança. A criança deixa de respeitar ambos
os pais. Mesmo que não concordem devem falar em privado e chegar a um consenso.
As crianças aprendem a manipular os pais que não estão em sintonia.
Para que a criança crie
confiança é necessário que a comunicação seja aberta na família. Nunca deixe de
responder às questões do seu filho e mantenha o canal de comunicação aberto
para que ele recorra sempre que precise.
Há pais que não brincam com os
filhos, ou deixam de brincar cedo demais por acharem que isso infantiliza a
criança. Brincar com os pais fortalece os laços entre pais e filhos e ensina o
verdadeiro valor do afeto: a criança sente-se amada e apoiada. Programar
brincadeiras e atividades em família é das coisas mais proveitosas que pode
fazer pelo futuro do seu filho.
Na escola não se educa,
espera-se que as crianças tragam educação de casa. A educação tem que ser feita
pelos pais. A função do professor é ensinar. Os problemas de disciplina estão a
aumentar pela demissão dos pais da educação dos filhos. Responsabilize o seu
filho pelo seu comportamento na escola e não lhe permita faltas de respeito com
os professores. Deixe isso bem claro. Exija do professor que ensine, não que
ensine valores morais e de conduta, embora também o possa fazer. Se os pais não
cumprirem o papel de educadores, o professor vai ter dificuldade em ensinar por
ter que por limites e regras que já deveriam estar adquiridos.
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