É inaceitável amar alguém (desejar a posse total de alguém) sem a angústia que suscita a insegurança em relação à própria posse. E sem a posterior angústia de que esse alguém que diz que nos ama, e que por isso cremos possuído, possa perder-se posteriormente, quer porque deixe de amar-nos, quer porque nos possa ser subtraído por amor a outro alguém.
Qualquer relação, desde a mais precoce com a mãe, requer segurança, É a base da construção futura da personalidade. Somos mais ou menos seguros, conforme o que experimentamos ao longo dos nossos primeiros anos de vida. Se a relação com as nossas figuras de referência forem seguras, então seremos adultos seguros. Se isso não aconteceu, poderão estar criadas as condições para mais tarde sobressair uma estrutura de personalidade insegura, ciumenta e maltratante na relação com o outro amado nas relações adultas.
As nossas relações na vida social são quase sempre baseadas em graus de confiança mínima, mas que não apresentam níveis de desconfiança exacerbados. Podemos assim, mediante essa confiança mínima, realizar coisas e estabelecer relações sem que nos sintamos perseguidos ou ciumentos. O sujeito ciumento apresenta graus de desconfiança que chegam a rondar a paranoia, quando pensa que perdeu a posse da pessoa amada. O que causa o ciúme, não é o pensar que não é amado mas sim a perda da posse do outro (com quem imagina ter uma relação fusional). Isso sim é enlouquecedor, podendo em grau extremo, quando o ciumento (aplica-se a ambos os sexos) alucina e passa para estados psicóticos levar à morte do objeto e do sujeito num ato de loucura. Os crimes passionais têm por base uma estrutura de personalidade paranoide e
psicótica onde a desconfiança, a incerteza e a insegurança crescem de dia a dia, até à passagem ao acto: a morte do objeto de deixa assim de pertencer ao outro.
psicótica onde a desconfiança, a incerteza e a insegurança crescem de dia a dia, até à passagem ao acto: a morte do objeto de deixa assim de pertencer ao outro.
Não existem ciúmes considerados normais. Os ciúmes são desiguais ainda que sejam frequentes e pouco intensos. Por mais frequentes que sejam nas relações interpessoais, especialmente os que se revestem em relação amorosa, são sempre reveladores de uma situação não superada pelo sujeito. Acima de tudo é uma situação crónica que vai subindo a gradação dos ciúmes, insuperáveis e incuráveis na sua maioria, por não serem considerados pela sociedade uma situação de doença. É uma doença. Não é só considerado doença a partir de um certo grau, aliás quem tem autoridade para falar disso são as vitimas que sabem quando já não suportam mais, mas essas, raramente vão a consultas de psicologia ou psiquiatria para que possam falar disso. Amor, ciúmes, loucura e morte estão separados por muito pouco, coexistindo na vida de muitos casais de todas as orientações sexuais, tornando-a num inferno onde por vezes não é possível escapar, levando à morte lenta de vidas que ficam suspensas no delírio de alguém.
Se é vítima ou portador de ciúmes incontroláveis procure ajuda, ainda pode estar a tempo de interromper o ciclo patológico de amor.
A terapia é uma solução para problemas ao nível da relação de casal.
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